13.4.06

Meio assim ...

Luto por um tempo
Onde as noites não serão longas por sua ausência,
Mas curtas, pois a eternidade é pouca quando ao seu lado
Procuro um mastro para amarrar meus ponteiros
Norte de meus delírios perdidos
Que ao mesmo tempo me aponte você
Perco o rumo num escuro raso
Em que náufrago, afogo minhas dores profundas
Sutis pesares de uma angústia suave
Brandindo abrupta na profundeza de minha face exposta
Encarnada nas entranhas de um parto que não resolve
Saída de um retorno que não devolve
Sequer fragmento do meu lamento derramado

Vem suspiro como se vento fosse
Venha vento que com suspirar levasse
Qualquer lembrança que me sustentasse

Em ruína breve a essência da saudade
Compõe-se em arrimos basilares
Soerguendo arremedos de desfaçatez
Na vontade unânime e uníssona de conquista e domínio
Aquela pelo respeito e admiração
Este pela liberdade eterna que planifica e iguala
Mantendo a única diferença aceita por aqueles que comungam
O dom de conviver no estado pleno e denso; intenso
Pois amar, além de arder e doer é mutante e tenro
Faz o mestre retroceder e aprender
Transforma soberba em humildade
Doa à maldade a mais profunda nulidade

As palavras dizem exatamente o que o silêncio promete
Descumprem-se todos os destinos
Desatinos passam a ser dogmas inalienáveis

Tudo ao fim, enfim, não passa de mero instante
Novo que é exatamente como era antes
Estático que cisma em seguir adiante
Defunto que não se impede que levante
Idéia viva, fixa, sem centro: mirabolante
Errante em qualquer ser que se mostre vivo
Leve demais para ser constante
Muito denso para ser bastante
Sentimento de valor físico irrelevante
Filtro de vida purificante
E antes que desavisado algum se encante
Pequeno aviso intrigante:

Amar é sem conceito
Sem preconceito:
Edificante.