28.2.05

Baforado

Não há quem explique por completo
Cada um vive o seu, diverso
E por mais que eu me estenda em vasto número de verso
Jamais serei uno

Impossível universo.

Prazer de aceitar que se pode sofrer
Opção de quem sabe que a alternativa raiz é só querer
E neste eterno de prazer e vontade
Toma-me, me encarna, me invade

Me domina para sua completa realidade

Do que se quer beber em corpos
Do que se penetra para tornar aberto
O corpo responde aos estímulos
E estes fervem quando se está por perto

Intimo, interno, no seu interior; desejo.

O seco das bocas algodoa pela maciez do toque
Leve-me, me tome, sacuda em reboque
Deixe minha cabeça ilesa e castigue meu corpo
Com todo seu calor

Me permita! Entrar, sair, tirar, me por. Suor, gozo, vapor

De suas lagrimas que brotam pela pele
Da pele que me impele
Que me imploram que eu te revele
No negativo da minha língua

Que te banha em prata, que se lhe mostra em saliva doce, que por embalo quase mata

E o que segura não são vossos braços
E o que sustenta não são pernas em laços
O que se quer difere de sexo no encalço
A busca é maior que qualquer percalço

Te quero amor, Amor, este impossível em ser falso.

Que remete ao paraíso
E retorna em sem segundos
Que me arrouba em paixão o juízo
Me fazendo prisioneiro voluntário de seus mundos.

24.2.05

Agradecendo

Entrei no mundo dos blogs para expor a mim próprio e vi nestas andanças por vários cantos digitais, que idéias e ideais se afeiçoam ao que sinto e escrevo. Por vezes palavras intimas, extraídas pela segurança de estar desconhecido, trazem alívio e soluções.
Quero com este post agradecer os novos amigos que me visitam, que me lêem e que me sentem por entenderem, cada um a sua maneira, aquilo que tenho a dizer e me expor.
Muito feliz por ter a presença de vocês e espero que sua companhia seja constante e que tragam mais companhia, pois para mim é sim, um orgulho, ler os comentários nos meus textos e poesias meio doidas. Beijos e abraços a todos. Estejam sempre

Questões e quesitos

Qual é, afinal, a sensação de quem espera o grande amor chegar?
Será que dói de prazer quando ela chega
Ou será que se desfaz a emoção perante uma possível frustração
De não ser tudo tanta explosão?

E quando tudo é perfeito como se imaginava?
Será que se quer realmente que esse instante chegue?
Pois seguido ao momento em que se o consome
Ele impreterível acaba.

Quem ama assim a distancia, distante, sufocante
Quer realmente que este amor aconteça?
Deve ser tão bom poder viver num futuro que sequer será presente.
Imagine a possibilidade de mudar seu fim a cada instante
justo por nunca se ter tido um começo.

De poder montar a pessoa como se deseja,
de ser dela o tempo todo
onde quer que se esteja
De ser dela sempre, seja lá de quem e seja ela como seja.

Realidade é mais dura
Quando se quer não se tem
Quando se chama não vem
E para aquela saudade que inverte a visão, amém

Não se pode amar sozinho
Não se pode suprir amor de ninguém
E por mais que se tenha amor no peito pra dar
Este sentimento devastador e bastante
Precisa
Inevitavelmente
Sucumbir
Ao devorar alguém

Chama de amor sozinho não arde
Mas gelo de saudade queima
O calor do impossível invade
E machuca o vapor congelante de medo e verdade.

Experimentando

E sem rumar certo algum
Por pura inversão da invenção
Se faz um caminho que ninguém vai entender
Sequer eu

Mas como quem brinca em brindar palavras
Intenciono que seja distinto ao ponto
De se fazer lembrar ao menos
De ser eu e ser autentico, a mim ao menos

Sim, a pretensão é o desconexo
E sem fundo musical fica mais difícil guiar o sentimento
Falta algo que concretize as coisas
E me tire do concreto em que te cimento

Por mais liga que se consiga
Existe um vazio cheio de espaço que te obriga
E se é tão cheio assim
Por que diabos me abriga?

Esqueço que não lembrar-te é uma arte
Pois que se faz oficio de tão difícil
Porem não mais me espezinha
Com a tua louca vontade de ser acompanhada e ser

Sozinha

Ali num canto
Caída em pranto de tanto amor
De tanto espanto, afasta o encanto e abraça a

Dor

Já fostes tudo
E hoje inerte
Sequer inverte
Meu falsete em ódio, chamado

Amor

22.2.05

Atitulorium

A danada está mesmo próxima.
Seu cheiro peculiar já perfuma minhas manhãs
Sua posição já acolhe meus dedos trêmulos de inexperiência
Pois que ela é a sempre velha e nova conhecida de todos que a buscam

A alegria não mais se confunde com ela
Esta é volátil e repentina
A outra, coesa, sólida e construída
Face a muitas partes de alegria e pitadas, ou picotadas, de coisas doídas.

Que se afastam a cada aproximação do que se quer
Outrora inalcançável e agora tão permissível e verossímil
Que assusta pelo tempo perdido em não tê-la querido
Em sequer ter se permitido ter sentido.

E justo por tanta luta, conflito e dor
Simplesmente por desfazer qualquer torpor
Ela é mais que um estado, uma eterna vontade
Por ser a maior busca de nossas vidas
Temos que sê-la sempre
Intocável
Tocante
Felicidade.

18.2.05

Amarelo, preto e branco

Ontem uma trombada em amarelo quase derrubou-me
A intimidade tem na indiferença seu antônimo
E atônito, percebi o peso insustentável
De estar despercebido

Não há amizade para os que amam
O amor é forte, grandioso, talvez egoísta
E por sua natureza plena, nunca deixaria
A amizade sobrepor-se a sua fome de conquista

Vi nela espelho do que faço
Reflexo do que realmente acho
E, em seus olhos, não me vi sequer em facho
Pois sua vontade era forte como aquilo que trazia a imagem

Vazia, e pós, feita em aço.

Hoje, sofremos em dois, a dois
Não pelo antes, e sim e também e ainda, mas, com medo do depois
Tudo que eu desejava era um sincero e agradecido abraço
Que, desfazendo em seu vestido preto e branco em laço
Não seria se quer traço
Da saudade
Que se tem,
Pois.

Carne moída

A fome que se espalha assolando mundos é maior e de todos
As pestes que são de todos assolam imundo
A hipocrisia que faz dos cegos os que conseguem ver, desculpa os responsáveis
E a passividade diante das agruras fere aqueles que lutam sozinhos em comunhão

Ainda assim, diante de toda esta grandeza exterior
Consigo sentir uma dor maior, um vazio pior
Pois sei exatamente onde, como, quando e porque tudo ocorre
E dói ainda mais quando percebo que só eu posso fazer parar

Não é a falta de condição que me impõe a trava
Menos ainda o desconhecimento de causa e efeito
O contrário é que me assola, consome e esfola
Imola a carne como se os desejos fossem proibidos
Diz ao sentimento que deixar perder será ultrágico
Por simples ser, pior que nunca poder ter e
Por isso e com isso, sem querer nada disso
Disponibilizo-me a saber que vou sofrer
Alguém, em ato de compaixão, faça-me parar de sofrer
E só posso e faço este pedido a mim
Só que isso, ainda, não sei querer

Queria ser da força espada
E desta, mortal, a lamina
Mas da lamina somente o fio em sua luz fustigante
E queria ser de quem a empunha
Consciente, consciência, exuberante
Para ter noção da força, visão da perda, embainhar a arma e seguir,
Num sempre


Adiante...

16.2.05

Racionalizando

Palavras, as temos todas
Todas aquelas a que conhecemos
Por muitas achamos que são nossas
Mas só algumas vezes é que somos delas de verdade

E quando isso acontece, nossas bocas sequer as pronunciam
E realmente o inesperado é tolo e previsível
Pois em sua concepção abrupta
Vem sempre de onde se menos espera

O que se sente se faz e desfaz-se nelas e
Por elas nos construímos e destruímos
Certos que é possível e que assim somos
Devido a um impulso que nos impele a confrontar o mundo

Mundo de nós mesmos
Paraíso de em si insultos
Inferno de desejos puros
Mar de imensidão e desconhecimento seguros

Agradeço, quase em prece
Se assim soubesse
Pela surdez do meu olhar sensível
E saboreio em êxtase por julgarem-me a cada segundo

Falta pouco, entretanto
Já quase entrego-me ao sentimento chamado razão
Definição nova para palavra interdita
Que somente agora percebo fazer vibrar meu coração.

15.2.05

Quem tem olhos que ouça

Sim, meu irmão, estou persistindo no erro conscientemente. Só não concordo com a possível direta em relação a deus. Faço o possível para que não haja milagres em minha vida e, certo ou errado, eu nunca creditei a deus qualquer merda ou acerto que eu por ventura tenha feito na vida. Ninguém nunca me ouviu dizer que deus me fudeu. Pelo contrário, se tem alguém que sabe dizer que cagou na regra este alguém sou eu.
Talvez pela facilidade em errar ou pela total sinceridade em assumir que não sou tão perfeito quanto vocês ao ponto de acertar sempre.
Antes de fazer suas assertivas a respeito do presente dos outros, fuce seu passado e se pergunte quanto tempo dura sair de situação semelhante. O passado só é passado para quem passou por ele, e se ninguém percebeu ainda, mesmo do alto da razão humana onde vocês, grandes humanos corretos se encontram, meu passado ainda é presente como o futuro que virá amanhã.

Obrigado, seu pequeno obstinado em erro, irmão.

14.2.05

Estrelizar

Dela eu não queria o brilho.
Não almejo o que todos querem.
Meu querer é singular e egoísta.
Só o quero para mim e para ela e para mais ninguém.

Me entrego em poucas palavras, viste?
Existe mais alguém por quem quero junto
Então não sou mais egoísta por definição, não é?
Sou sim, pois carrego os dois amores em um só coração.

Queria dela apenas sua mais linda aparição.
Daquelas em que seu rutilar brinda as estrelas com sufocante luz
Para ser dona de seu único ato não, pois.
Justo e, somente apenas, para testemunhar um passeio eterno rumo ao terminável.

Queria que ela ocularizasse beleza vindoura maior, como de fato é
Que ela sucumbisse à mortalidade de uma mulher tão linda
Que transforma noites em puro cenário e faz de sua protagonista
Uma mera estrela.

Pena que a lua cheia de meus sonhos seja tão vazia
Lástima a mulher que estreliza luas ser tão tardia
Erro próprio do que nasce impróprio pela covardia
Que se faz nigérrimo, ao alvo sol do meio dia

Quem precisa da segurança negra das noites
Se lhe bastam as sombras do sol de um amor
Que arde por não poder cessar
Que cessa por não poder calar

Em palavras de adoração mútua
Em silêncios de desejos únicos
Em vidas de seres distintos
Em destinos de caminhos lúdicos

Será minha lua enquanto impossível for ter-te e alcançar-te
Linda, perfeita, estática, baluarte
Serás de todos como assim desejam
Pois não é possível a você lua, para meu sol amor entregar se

E em qualquer noite de lua que se conceda
Um olhar, será diferente e egoísta
Quererei sempre provar-te
Que mulher mais linda existe e que por mim foi vista
Mas não foi permitiu-se que ficasse

As vezes, somente em erros regenciais como estes
Percebesse o acerto que deixamos de realizar
Por que o não ter regra da vida é simples
É preciso se deixar tentar.

11.2.05

Pontuado

Eis enfim que um fim tardio finda mais um inicio
E assim perto de tudo e longe do precipício
Precipito me, e, condensando meus sentimentos mais sublimados
Póstumo
A chorar

Póstumo é corruptela, mera liberdade com a língua
Indicando posição, do verbo me ponho a
E, exato, póstumo, pois choro a enterrar algo que não mais vai germinar
Crescer, sofrer, frutificar, por mais que se sofra em regar, florestas hidropônicas

Se ciclos são realmente cíclicos vou por me a ciclicar
Quero que os ventos do movimento em espiral me façam espiralar
Projetando minhas dúvidas e novos medos na certeza da espera
Do que possa vir a ser e do que quero conquistar

Já não quero nada com tanta exatidão
Quero que me queiram
Vou descansar no conforto do desejo externo, alheio, de outro seio
Na luta pela minha própria conquista
Permitir me e a outros que a vitória não me pertença
Pois a bem aventurança de quem não busca nada está na solidez de ser buscado

Sempre desejei a outrem como se estes fossem
Os últimos de um lugar inóspitamente apaixonante
De um planeta amor onde erroneamente supus só ser possível a mim
Lutar, desejar, perder e ganhar
Desconfiando de minha real iluminancia
Apagando, analogicamente contrariando, um brilho que em mim reside
e que inexplicável em forma, não me permitia ter, gostar e ver

Enxergar que tenho o que busco e que outros buscam em mim o que tenho
Deixou me instável, volátil, estranho e com medo
Mais seguro, orgulhoso,
Novo sentido para a palavra humildade
Outra face da moeda chamada dar
de um lado, o já conhecido, o ato de reter, possuir, conter, de ir pra vencer e conquistar
do outro, o movimento contrário, o poder de se deixar, de não se ter a si, e, mesmo assim,
Se dar.
De se presentear com a possibilidade inexplicável que é
ser alguém
Que um outro alguém
tem vontade de amar

10.2.05

Hoje, meu aniversário

Peço desculpas a todos, mas só consigo escrever isso no momento: TÁ FODA DE ATURAR

Gostaria de estender me em palavras de alegria e contentamento pela data, de desejar me felicidades, alegrias e toda aquela besteirada de data, mas não to com humor, saco, paciência ou espaço na cabeça para coisas boas. Coisas boas são como velhas obesas vestidas em roupas de viscose branca:São vistas de longe, demoram a chegar, nunca são exatamente o que aparentam, quando chegam tomam conta de todo o espaço disponível, consomem sua beleza e ao partir, dão a bunda por resposta.

Nem precisa dizer que estou de péssimo humor.

Escutei mais uma vez hoje que deus só dá o que conseguimos suportar. Agradeço pela saúde física que tenho, realmente sou uma muralha, pela inteligência e por minha capacidade de entender os semelhantes não acéfalos, mas gostaria se sobrassem umas coisinhas mais tranqüilas para eu resolver, ter pelo menos alguns dias completamente perfeitos, mesmo com todas as imperfeições que nós mesmos criamos.

Obrigado de coração a todos que passaram a visitar o blog. De verdade, feliz por saber que alguém se interessa pelo que transparecemos ser em nossas palavras e não somente pela oportunidade ou interesse que suscitemos de qualquer modo.

Bruxinha, mais uma vez obrigado. Tem um amigo em mim realmente. Abraço a todos

2.2.05

Borboletas

Sonho com casas. Sonho com águas e céus mais limpos. Acordo com o cheiro de mato secando ao sol da manhã que se esboça num horizonte de novos horizontes

Cada passo deste novo acordar é seguido de visões peculiares que trazem a tona sentimento de novidade. Gosto de descoberta. Prazer de conhecer o nunca visto. Impregnando todo o corpo num sem fim de deslumbramento que é tudo que queria.

Já não me atrevo a desdizer me por mais um segundo. Quero tudo que mereço com a pressa de quem morrerá no próximo segundo que virá primeiro. Desejo você, seu corpo, todo seu sentimento. Sua paixão que me encanta a cada carinho sobre minha pele que já espera ávida.

O Tempo que antes demorava a passar agora fagocita. Como se devesse ser consumido por ser impróprio. Como se tivesse que ser derrotado por ser indevido. Como se conseguisse se dar a si próprio, assim, pleonástico, por ser tudo que se necessita. O Tempo agora, este deus, é devorado com a força dos ponteiros do universo: constante, invariável, infalível, conscientemente. E só o que se consegue é perder a cabeça.

Finda mais um ciclo. Já sonhei mais uma vez com fliperamas e toda vez que isto acontece tenho certeza que algo de importante acabou. Que um passo de vida foi dado e que ele terminou. Sei que o exato dia do sonho é o encontro com a certeza que devo para de seguir naquela direção. Agora meu sono já não tem mais sonhos. Só consigo descarregar por imagens desconexas desejos e pedaços de um quebra cabeças que imaginei poder ter montado. Sei agora que peças vieram faltando e que jamais as encontrarei. Não para esta paisagem que este desejava ser. Talvez outra paisagem, mais distante, mais a frente diferente.

Peito aberto. Sangue nas mãos. Pupa desfeita. E novas borboletas como a que sou agora esperam a luz do sol para fortalecer as asas. Quero os céus brilhantes e das chuvas, antigas companheiras, só espero gotas em intenção de orvalho, para que possa calmamente pousar sobre folhas verdes de esperança e seguras, e beber de sua água de batismo, renovadora, pois que nascimento de verdade, como mostra a natureza foi assim deste jeito, demorado, dolorido e grandioso. Parabéns pra nós que renascemos, pra mim enfim, já que nasce um novo homem. Que quer querer e tem vontade

Que eu seja bem vindo