22.3.06

Concordo

Justamente por que
Há horas em que urge
Fazer a volta, contornar o local
Bordar o destino com os jardins que ele merece

Embora na maioria das vezes ele o peça

Seguir em frente pode ser fatal
Orgulho em retroceder
Pode levar à inércia
Ficar parado, matará a vida

Volte atrás

Não para fazer o mesmo
Repetir acertos também é errar
Pois perdemos tempo
Divindade que nos consome e sempre escapa

Torne o caminho de volta uma nova ida

Que lhe desvie o abismo intransponível
Sem desvirtuar-lhe o ponto de chegada
Fazer da maior distancia um atalho
É arte conhecida por poucos

Depende de quanto se dispõe a perder para ganhar

Preferências são rumos sem dor
Escolhas pela facilidade circunscrita
Apaixonante e fácil
Isenta de pecados e proibições

Porem, tende à certeza do marasmo

Toda vez que for muito fácil
Queira mais, anseie maior: ambicione
Ou simplesmente perceba
Que o algo já lhe pertence ou não é o que se quer

Fuja do imediatismo que despersonifica a conquista

Diante do abismo passado que antes o paralisava
Remonte o trajeto que percorreu até aqui
Lembre-se que poderia estar lá em cima
Inerte, ileso: sonhando simplesmente

Fossilizado por um tolo medo

De pensar-se retrógrado e menor
Por ser incapaz de transpor o impossível
Quando o oponente consumar-se invencível
Seja inteligente

Decida não enfrentá-lo

Pois a vida pode até ser construída com sonhos não vividos
Desvirtuada e triste devido a escolhas infelizes
A lembrança entretanto
Nunca é composta por passagens mortas

Ela pulsa, arde e vibra; involuntariamente

Aguarde o momento certo
Torne-se colossal, intransponível
E se mesmo com fenomenal esforço
Derrotar aquele inimigo continuar impossível

Volte, pois só nós mesmos estamos em todos os nossos caminhos

7.3.06

Datas

Obrigado por este dia ter acontecido
Pela vida que impôs a minha vida
Transformando mero caminhar
Numa marcha firme rumo ao destino

Feito com minhas próprias vontades

O que antes parecia atemporal e infindável
Contornou-se de efêmera velocidade
Bordando meus desejos recém nascidos
Vejo um homem que aprendeu há pouco o caminhar

O incentivo é que faz viver

Foi-se o tempo de passar por ele
A convivência branda e gratificante
Agora é brusca e lancinante
Cada momento que se esvai é como sangue

Doído e querido ao ser derramado

Felicidade por estar impregnado de felicidade
Grávido de um sentimento maravilhoso
Que não se basta nos adjetivos que conheço
Transcendendo minhas antigas certezas

Transformando tudo em simples nada

Gestação de um futuro cada vez mais próximo
Sensível aos sentidos do tato, olfato, paladar e audição
Estranhamente não o vejo
Entretanto isto se faz desimportante

O sentir não precisa de luz aos olhos para existir

Basta o querer; o reconhecimento do outro
O mínimo que se propõe é vontade
O máximo que se busca é liberdade
Todo o resto é mera composição

Deste sonho que me assola

Ainda busco o dia
Em que neste mesmo dia
Poderei acordá-la com um beijo
Dizendo baixo em seu pé de ouvido:

Parabéns, criatura! Eu amo você