26.1.07
Acíclico
Não havia sequer uma parede
Um encosto qualquer
Sequer um amparo
Realmente não queria parar
Do canto que me afasto
Não sonhei qualquer encanto
Nem mesmo quis um quanto
Desejava apenas realizar
Construí muralhas intransponíveis
Deste ambiente alijado
Ficou apenas arremedo
Pedaço de ressentimentos desnutridos
Medo de não ter sentido
Pulsava dentro e escutava ao longe
No quando que agora apóio
As qualidades afloram
Perenes, latentes: presentes
Sentir é naturalmente efervescente
Ebulir é característica comum
No chão que atualmente piso
Pés são desnecessários
As ferramentas mudam
Ao prazer daquilo que convém cumprir
Cumpramos o que for conveniente
Para nosso bem, nossa mente
Vislumbremos além do latente
Do óbvio, sensorial e pungente
Extrapolemos o egoísmo inato
Olhemos pra dentro visando em frente
Diante dos perigos, armadilhas e percalços
Seja forte, altruísta e decente
Escolha o caminho reto, correto e justo
Ao topar consigo mesmo; aguente
Instigue-se e enfrente-se
Desfaça-se da idéia que a dor será demais
Lembre que toda vez que o fundo chegou
O desespero só atrapalhou
E desceste ainda mais fundo
Ainda assim levantaste
Impávido, mordido
Doído, mas ávido
Sangrando, mas querendo
Chorando, crescendo
Rasgando a veste antiga e vencendo
Admita: sempre vencemos
Despertar para esta verdade absoluta
É realmente devastador
Por vezes alucinante
Cabe a nós controlar este ser dominante
Quem morre e fica
Naquele lugar sem paredes
É o eu que só sabia perder
Que fincava suas vontades no passado
Tolhendo o direito inalienável de crescer
O quem nascente corre com as pernas da vontade
Voando alto nas nuvens seguras da verdade
É o eu que sabe que vencer
Jamais foi um direito
É mera, pura e inefável obrigação
Profane seus santuários já devastados
Limpe suas cavidades mais escuras
Para que elas reluzam
Quando a luz casta e pura entrar
Expanda-se em luminosamente
Escolha ser o seu sempre melhor
Aceite que somos mais e maiores
Acredite que a cada era de sua existência
Será preciso desfazer de si
Desfazer-se é enriquecer
Vazio de coisas
Saiba ser o que precisa
Baixe suas muralhas
Guarde sua navalhas
Volte a aprender
Aprenda sempre o que ainda não sabe
Desanime-se das facilidades
Estagnação advém
Do medo perpetrado
Pela incapacidade de renascer
Somos nós quem escolhemos
A responsabilidade cabe
Aos que admitem ter poder
De mudar o mundo em volta
Conhecendo o íntimo que podem tocar
Apresente-se, cuide-se
Avalie-se e mude
Duvide sempre de você
Pois ser nunca é defeso
Aos que se dispõe a morrer.
16.1.07
Empoeirado
Precisou de um tempo novo
Que enterrasse a velha história
Momento difuso e confuso
Envolto em perda e glória
Apenas mais um reencontro
Mais próximo do eu que sempre se ausenta
Naquela busca incerta, dispersa
Levando a nada e lugar nenhum
Fazendo os muitos desnecessários
Quando urge somente um
Antigo, inconhecido
Envolto nos mistérios criados
Pelo desejo do medo tolo
Que impede a vitória exata
Querer é pleno e intenso
Mas não ouse simplesmente começar
Invada campos muito além
Pise os lugares que lhe convidam
Polinize descaradamente
Fecundador fértil das fazendas destino
Desatine, desopile desobrigue
Desconstrua, desacredite, destrua
Descontrole, destoe
Destempere, desconcerte
Porém, construa sempre
Imponha em cada atitude
Vontade e ânimo
Nunca se mova desnecessariamente
Jamais repouse sem por-se exausto
Esgote o ser e afaste o estar
Apreenda que nada fica
Quando não precisamos
Sinta que nada vive
Quando desamamos
Desarme-se