12.5.06

Alternativa

As músicas parecem estar calando
Deve ser a esperança cedendo lugar à verdade
A certeza de perder começa a latejar mais constante
Já penso no jeito de tentar aceitar

Que eu te deixe partir pra sempre

Dolorido novamente
Só que desta vez não será apenas tentativa
Conseguirei definitivamente
Irá doer como nunca

Mas será de única vez

Conseguirei sofrer como poucos
Abrirei mão de muito
Como recompensa terei a mim novamente
Completo, solitário

Como nunca deixei de ser

Voltarei ao estado de hermetismo de que tanto gosto
Trancado, intocável, impenetrável
Sisudo para as alegrias breves
Ausente aos comburentes que se vão num mero sopro

Surdo às notas que noticiam nada

Passei por isto antes e fugi
Desta vez encararei
Sinto ser necessário mais este tempo
Ele novamente

Identicamente, sem minha culpa

Vista grossa para coisas demais
Fingi não enxergar o escancarado a minha frente
Agora já incomoda
Sentir o limite do próximo

Que não pulsa, expulsa: me repulsa

Só quis amar este tempo todo
Doei, entreguei, compartilhei
Desfiz de mim em prol do outro
Fiz tudo que devia fazer

Porém, ao amar, não se deve nada

Tudo é o espontâneo
Obrigação e ingratidão são incompatíveis com o nobre verbo
Ele não pede nada em troca
Apenas pessoas, duas

E não somos, pois

Infelizmente não seremos jamais
Certos passos nos tiram completamente da rota
Desvirtuam nossa jornada
Aniquilam certos destinos

As decisões mais devastadoras são sempre conscientes

Estou prestes a tomar uma delas
Gigantesca, atormentadora
Não tenho medo de colocar-me pedindo ajuda
Prezo a possibilidade de não recebê-la

Apenas proíbo-me ficar parado

Meu tempo de fazer findou-se
Qualquer apêndice é mero exaurimento
Precisamos de um passo seu
Daqueles devastadores

E então, sabe o que está fazendo?

Afirmativas sucessivas seriam bem vindas
Para que a duvida fosse apenas salva guarda
Ferramenta da heresia
Luxo de quem quer apenas ratificar

Vitória da perseverança sobre a teimosia