29.11.04

Sobre fatias, pizzas e famílias

Pessoas, só conhecemos com o tempo. Que pode ser maior ou menor se estivermos dispostos a observar, se estivermos realmente atentos às dicas que os outros nos dão o tempo todo. A natureza foi boa comigo, tenho olhos grandes, maiores que os ditos normais e, ainda bem, faço bom uso deles e da sua função final que é entender além de apenas ver a imagem que salta aos olhos e consome-se pela facilidade de um piscar de olhos.
Moramos oito na mesma casa. Temos todos uma relação estreita de parentesco. Somos bisavós, avós, pais, filhos, tios e netos. Incluamos o cachorro, que pelo afeto e pentelhação pode ser considerado da família. Ontem à tarde fizemos uma pizza. Diversas outras vezes já fizemos pizza para o lanche da tarde e, particularmente, gosto de tirá-la do forno e cortá-la, pois a espera pelo prazer de comê-la é menor.
Ontem foi diferente. Minha tia devia estar com fome e apoderou-se da faca para cortar a bicha que cheirava ao longe. Começou a cortar e parou logo no primeiro pedaço, no seu único pedaço. Colocou-o em seu prato e partiu para a sala, silenciosa e normalmente como se nada de errado tivesse acontecido.
A primeira vista realmente nada de absurdo aconteceu. Houve porem uma demonstração filha da puta do que não se deve fazer e de como age uma pessoa egoísta e mesquinha do caralho. Toda vez que eu corto a porra das pizzas ou seja lá que merda de comida for, eu corto para todo mundo, fatio a bendita em tantos pedaços quanto forem necessários e possíveis. Do mesmo tamanho se possível e em numero par pois que a família está num grupo assim formado e todos podem ter o direito de comer o mesmo número de pedaços se quiserem, sem ter que se sentir dividido ou desmerecido. Ao dividir aquela simples pizza estou dizendo a todos que estamos juntos pelo mesmo motivo, que possuímos direito ao mesmo direito, que o que é para um, se for de sua escolha, será do outro, mas é preciso saber mostrar isso aos outros. È essencial que todos entendam isso. Ser da família é o primeiro passo para tirar sim, proveito de tudo que ela oferece.
Uma simples pizza pode mostrar muito. Conceitos como família, igualdade, egoísmo, partilha, conjunto, doação, afeto, carinho, preocupação e tantos outros sentimentos que fazem parte da natureza humana.
Olhei, do verbo entendi, aquilo tudo em silencio. Acabei de cortar a pizza por completo. Meu pai entendeu a situação no ato. Elogiou a perícia com a qual realizei o ato.Serviu-se. Tirei o pedaço da minha filha e depois o cortei em pedaços ainda menores, sabido que é uma criança de quatro anos pois. Levei o café com leite da minha mãe e ofereci-lhe uma fatia, que recusou pela desculpa da dieta. Peguei meu pedaço e a vida continua.
Outras pizzas virão e tomara que eu seja rápido o suficiente para cortá-la. Que todos, e principalmente ela vejam e que também entendam que se o simples não for bem feito, nada será.
O mundo podia ser feito de bons cortadores de pizza. As famílias se tornariam paises e a fome por dias de paz talvez fosse menor. Mas no mundo, a maioria infeliz e infelizmente, só está preocupada com o próprio pedaço.

25.11.04

Medusa

Andar na rua realmente é a forma mais gratificante e abundante de entrar em contato com a fauna humana que espreita cada esquina, mesmo a luz do dia.Das criaturas que andam de dia e de noite, como os vampiros filhos de humanos com vampiros, há, do verbo haver sempre com H, um tipo especial: as primas.
Mulheres que fazem do sexo um motivo para se ter um trabalho prazeroso. Estas são diferentes das profissionais do sexo, que às vezes estão na profissão por pura necessidade, apenas como forma de angariar fundos para seu sustento e de sua família, pois muitas as têm.
As primas são paradas em sexo, gostam do esporte, são viciadas, dão por prazer e unem o útil ao agradável.Se for pra ter prazer que seja dobrado: ganha-se satisfação e arruma-se um troco.Estão sempre à paisana, mas isso não quer dizer que não tenham um uniforme padrão; camisetinha apertada com tecido semitransparente, sem nada por baixo, insinuando os seus mamilos. Calça jeans de stretch, serve de qualquer cor, desde que sem calcinha e que seja baixa o suficiente para mostrar a tatuagem que elas levam ou nas costas na altura do coxi ou na região pubiana, estendendo-se até a virilha e sabe Deus por onde mais.
Bem, é pra falar de uma destas tatuagens que estou aqui. A maluca tava uniformizada, andava como se na passarela estivesse. Ruim feito o cão de boa vontade e tinha uma tatuagem da Medusa bem em cima da bunda.
Deve ser pro maluco que tiver coragem de partir pra dentro, ao pegar a prima por trás, dar de cara com a medusa e ficar com a pica dura feito pedra. Melhor que viagra!

Le Baixoux

Aniversário da minha filhota. Lê Baixoux Papan faz quatro anos. Só quem é pai sabe o tamanho da importância dos apelidos que só em segredo sabemos o significado. Embora tenha uma relação bem paradoxal com deus agradeço todos os dias pelo milagre que é minha filha.

Saudável, inteligente, linda, espoleta, divertida, atenta e perfeita. Que só dorme depois de ter posto o sono pra dormir, que levanta aos finais de semana aos gritos:

_ Anda pai, ta de dia!!! Tem escola hoje? Você vai trabalhar hoje? Vou dormir aqui hoje? E amanha? E depois amanha do outro?

Só consigo ficar com os olhos cheios d’água e o ego inflado de orgulho pela certeza de que sou o ser humano que ela mais gosta neste planeta.

O sorriso seguido do abraço carinhoso, extenso e bem apertado denuncia que o dia será como sempre maravilhoso.

Parabéns Lhotinha e obrigado!

24.11.04

Passageiros do Zé Maria - parte 2

Acabei de reencontrar o trocador do ônibus, confirmou que a menina também morreu, depois de uma semana no hospital.

Acharam drogas com o moleque da scooter. Só não se sabe se eram dele ou arrumaram um flagrante.

Acho que não... essas coisas não acontecem com a polícia do Rio...

23.11.04

O peso da Alcatra

Fiquei puto com uma porra de uma merda que vi hoje. Entre outras coisas que faço aqui no trabalho, uma delas é cadastrar clientes. Hoje estava cadastrando um médico e na sua carteira do conselho regional de medicina vinha escrito, no topo do documento em texto garrafal:

NÃO DOADOR DE ORGÃOS.

Tudo bem que ninguém é obrigado a ceder de livre e espontânea vontade pós mortem, através de um texto psicografado, que quer deixar seus restos mortais que os vermes vão comer e cagar depois para quem quer que seja. Mas um profissional de medicina, sujeito este que cursou no mínimo sete anos de um curso superior, fez residência, comeu o pão que o capeta não comeu porque estava tarde e foi dormir e dizem as más e boas línguas fez um juramento em prol da saúde e integridade física do semelhante mediante seu esforço e saber não ser doador de órgãos é no mínimo PUTARIA.

O cara depende muitas vezes de um órgão de outro paciente para salvar a vida de uma pessoa e em contrapartida botar mais uma graninha no bolso e mais um tijolinho de sua casa no paraíso. Este mesmo cara devia ser obrigado a ser doador de órgãos, pré-requisito da profissão, pois este malaco sabe mais que ninguém da importância da doação de órgãos para um e por vezes vários pacientes que empurram a morte com a barriga na espera de um transplante. Alguns destes agonizantes são bons contadores de história, outros não.

O avanço da biomedicina faz dos mortos geradores de sobrevida e é realmente intrigante um médico ser um não doador de órgãos. Aos médicos ou não, que são doadores parabéns. E aos médicos que não o são, ainda há vaga para açougueiro de nível superior por aí.

17.11.04

A Van do Zé Maria

O clima ta sinistro. Zé Maria ronda o meu serviço. Ontem, dois amigos meus baixaram no hospital. Um foi menos grave: dor no peito, pressão alta e está internado. Coração.
O outro foi bem mais grave. Estava trabalhando, por volta das 10 horas da manhã. Eu ia até sacanea-lo, pois estava com um bigodinho a lá Hitler. Não deu tempo. Queixou-se de forte dor no peito e uma pressão na cabeça. A colega de serviço logo o levou ao hospital. Apagou no caminho. Fizeram massagem cardíaca e ele voltou.
No hospital, seu gerente, que também está no grupo de risco dos infartantes, ao virar-se para perguntar o que devia fazer em relação a burocracia do hospital, teve uma visão apavorante: seu amigo estava todo entubado, babando, olhos virados e convulsivo.
Outra parada cardíaca. Duas em menos de uma hora. Desfibrilador no peito e ressuscitaram o malaco novamente. Vai ter que fazer cateterismo. Ta com os tubos e conexões tigre entupidos. Não fosse o socorro rápido e a medicação e manobras para traze-lo de volta, já não estaria entre nós.
Entre os dois, algumas características em comum: ambos fumam pra caralho, bebem álcool pra caralho, dormem pouco, comem mal e são pilhados pra cacete. Nenhum dos dois é obeso ou muito velho.Os dois são na capa e devem ter 50 anos no máximo e não fazem qualquer tipo de atividade física, a não ser halterocopismo.
Cigarro só faz mal. Parei de fumar a dois anos e sei do que estou falando. Cada cigarrinho que se fuma são lugares na fila de Pedrão que furamos. E pra quem quer carona Zé Maria ta aí, a espreita esperando formar um time de pelo menos doze (com quatro letras e não douze, que é um número que não existe), pra lotar sua Van e ir direto pro piscinão de São Gonçalo, que é o portal dimensional do inferno.

12.11.04

Angustia

Sabe, to com uma pressão fudida no peito. Um negócio que não passa. Dizem os babacas que é viadagem. Comentam os sabichões que pode ser frescura. Eu que sei por estar sentindo digo que é angustia. Um sentimento de emputecimento constante e crescente que quer que tudo se foda e não há um culpado que mereça a ira do meu julgamento.
Mais ou menos assim: Imagine que a mulher que você sempre quis comer na vida tivesse algemado você na cama, tirado sua roupa, chupado seu pau até te deixar louco e na hora de sentar no seu colo, ela roça seu sexo inundado de tesão sobre seu membro petrificado pela irrigação sanguínea proporcionada pelo desejo em possui-la. E quase sendo penetrada pelo falo rígido, debruça-se sobre seu tronco tocando mamilos contra mamilos, lhe dando um beijo molhado na boca e dizendo adeus.

Bota a roupa bem na sua frente, devagar, suavemente. Depois de colocar a saia frouxa que mal cobre-lhe as coxas, senta-se, arreganha as pernas e se masturba pedindo que você a penetre, que a faça gozar.

Ela goza gritando seu nome pedindo para ser invadida, devastada pelo sexo, louca. Enche as mãos com todo seu fluido, espalha pelos seios arrepiados de prazer. Aproxima-se e coloca-os em sua boca

Ao mamar daquele liquido dos deuses você sente aquele aperto no peito, quer possuí-la, penetra-la, agir como um animal, mas não pode. Ela põe a blusa e se vai.

Este sentimento de que poderia ter sido tudo diferente e que não dependeu só de sua vontade e que justamente por isso não dá pra matar ninguém é angustia. E não é coisa de viado!

HTML

Minhas habilidades HTMListicas estão aumentando descaralhadamente. Hoje por exemplo entrei no postador e alterei o formato da data de primeira. To ficando fodão.

Como é que troco a cor do fundo do template pra preto?

Porra, se com toda a minha verborragia ninguém comenta nada, se continuar feião, aí é que não terá acesso mesmo. Não vou postar mulher pelada porque quem faz isso e faz bem são os malacos do Dedada, Clube da Putaria e Máfia dos Pingaiadas


Ar

Bom rapaziada que não me escuta. Estamos de frente para mais uma sexta-feira. Que seja boa para todo mundo, pois que o sábado, pelo menos o meu, será o mais sinistro. Não adianta perguntar por que. Só eu sei e só eu posso saber. O Post anterior foi incidental, mas não acidental. Preciso colocar esta história em algum lugar que não seja eu mesmo.
Sem perceber comecei a procurar um modo de exteriorizar isso e mesmo que ninguém venha a entrar neste blog, já valeu a pena. To conseguindo uma válvula de escape, um jeito de respirar trocando o ar, sem respirar o mesmo combustível impregnado o tempo todo.

11.11.04

O Início

A batalha será perdida. Quem diz é o Instinto. Infalível. Sorrateiro. Verdadeiro. Absolutamente imutável. É o mesmo Instinto que diz estarmos apenas no início. De uma guerra enorme, talvez sem fim. Mas isto não é decisão do amigo Instinto. Será conseqüência de um inimigo fiel, companheiro e sincero. Aquele que está em segundo lugar na lista dos piores inimigos: O Destino. Mutável. Ilusório. Constante. A grande estrada objetivo a dentro. O caminho que leva a derradeira luta com o pior inimigo. E tenhamos certeza: o que todos nós mais queremos é que está luta aconteça. E por mais que se perca, sempre vencemos. De novo o Instinto. Trazendo a certeza da vitória. Falemos dele, pois.

Que fique esclarecido: o Instinto nunca falha. Por mais absurdo que se lhe apresente ele é a essência da mais pura verdade. Uma dentre as poucas que podemos tocar. Mais uma entre as muitas que não nos permitimos conhecer por pura ignorância. Ignorância no trato, no contato, na intimidade. Medo de que seja possível perceber tamanha presença.
O Instinto não é um sentimento. Transcende o conceito de sentimento. Entranha-se no emaranhado de incertezas que temos que debulhar vida a fora. A todo instante, intensamente, incessantemente, invariavelmente. Plural e único. Multifacetado e particular. É sua arma. Minha arma. Nossa única defesa. O corpo falece, perece, padece, ajoelha fraco em posição de prece. E no momento certo nosso amigo aparece. Arrepia o corpo, a carne outrora fraca estremece, o arrepio gélido eriça os pelos e a pele endurece. O vomito ejeta-se pela garganta e o corpo cresce. Mais uma vez em posição de prece. Mãos postas á boca como se pedindo estivesse. E na verdade estamos. O Instinto nos faz lutar. Diz ao corpo que é possível conseguir e se assim o for assim o fará que seja.
Aquela agonia que nos faz voltar a cabeça em direção oposta. Aquela voz firme e confiável que nos alerta para o que deve ser feito. São pensamentos vindos do lugar mais confiável da existência humana: o desconhecido.
Entregue-se ao desconhecido e dominarás a arte de usar o Instinto a seu favor. Este sem controle torna aquele apavorante. Dominado faz com que tudo se torne antecipado e adiantado. Deixa-nos um ou mais passos a frente. Passos metafóricos. Podem ser horas, dias, segundos, pessoas, coisas, vidas.
O maior amigo é destruidor. Indestrutível. Rompe qualquer grilhão com a facilidade de um Querer. Eis o segredo. Queira. Como se fosse consumível pela eternidade. Volátil pelo instante. Grandioso como o universo que teima em expandir-se além da compreensão do que se mensura. Aventura-te. O Instinto é a razão da vontade. Seu guia nosso guia. Ele me levou a ela. Já o dominei faz algum tempo. Já não o confundo com a Dúvida. A curiosidade é um traço marcante dos que já dominaram o Instinto. Faz com que a eliminação de qualquer dúvida suscite questionamentos que nos tiram do total estado de inércia moral chamado ignorância.
Eis que pela primeira vez, por Instinto, olho pra ela. Pronto! Estamos começados. A primeira batalha tem seu começo e de cara sei que vou perdê-la. A batalha. Meu melhor amigo afirma que ela será minha. Infalível e verdadeiramente.
Sei que a quero mais que tudo. Agora há coisas que devem ser destruídas. Outras para serem construídas. Decisões. Voltaremos a falar delas. Neste exato, é tempo Dela. Que comece!

10.11.04

Tá brabo

Tem coisas que só acontecem na vida para te deixar puto. To passando por um perrengue do caralho. Algumas pessoas sabem o motivo e respeitam, outras fingem que não vêm e há aquelas que, diante do desfecho inevitável, liquido, certo e cheirando a ferrugem como o sangue alheio que estou com vontade de fazer jorrar, começam a zombar com piadas babacas e desnecessárias que elas podiam fazer o favor de não tirar de dentro do próprio cu.
Mas tudo bem, o mundo gira há milênios e não será hoje que ele vai parar para que eu possa dar mais um passo a diante. Continuarei caminhando, no sentido anti-horário, para fazer menos esforço e usar o movimento do planeta a meu favor.
Sei que não ta dando pra entender porra nenhuma. Nem eu to conseguindo. Só queria que algumas pessoas escutassem um sonoro e dolorido fodam-se. Daqueles tão altos e agudos, que se proferidos a 2 metros de distancia por mais de dez segundos, fariam as cabeças de certos filhos da puta latejar até ficarem de joelhos, com seus tímpanos irreparavelmente rompidos por todo o sempre. Desejando a morte neste instante de dor intensa e insuportável, pois só ela tiraria deles este sorriso infame da suposta e avassaladoramente verdadeira derrota que sofri para eu mesmo.
Não amaldiçoarei nenhuma ação ou pessoa, certo na crença de que todos merecem alguma coisa. E por saber que tal coisa pode ser boa. Ou ruim. Por vezes muito ruim e depois pior. Fato que nesta hora filha da puta traz algum conforto.

Continuo não suportando estar em Igrejas. Não pelo local, mas pelo que se faz e principalmente, pelo que se deixa de fazer dentro delas.
Tive um professor de matemática completamente descaralhado que certa vez me disse, àquela época, uma grande verdade. Existem dois tipos de gente detestáveis: Os que pensam que sabem e os que não sabem que sabem. Estes são piores. Hoje, discordo: o pior tipo de gente é aquele que sabe o que NÃO quer fazer e faz para agradar a mansidão incólume dos que o cercam, em detrimento do total prazer e satisfação pessoal.

Nunca mais na minha vida, nem pela casa do caralho (que naturalmente é a buceta) eu faço o que não quero para agradar quem quer que seja. Pode ser Deus e foda-se! Eu estou vivendo o poder de uma decisão alheia. Decisões são feitas para decidir e infalivelmente decidem.

9.11.04

Zibio e o Amor

Sua mãe sempre dizia:
-Zibio meu filho, nunca misture o trabalho com sua vida particular. Se acontecer é FODA.
Zibio era um moleque de apenas sete anos quando escutou isso pela primeira vez. Era sempre a mesma história. Todo o dia, pelas tantas da noite o infeliz escutava o recado de sua mãe, que descia do segundo andar da casa muito cansada.
_ Mãe, porque você não descansa um pouco. È muito trabalho todo dia Você vai acabar morrendo disso.
_NUNCA MAIS REPETE ISSO FILHO DA PUTA!! RESPEITA-ME.PORRAAA!
_PÁRA MÃE, NÃO ME BATE, Me desculpa. O que foi que eu fiz?
Já era tarde para se livrar de mais uma sessão de surra. Zibio entrara na porrada outra vez. A costumeira surra do dia. A surra que fazia sua mãe se libertar. No fim do expediente de sua mãe era sagrado. Sempre apanhava. Mas tinha a recompensa: o carinho. O filho era confortado por sua mãe querida. Ela cuidava de seus hematomas, o colocava no colo, beijava sua feridas e hematomas, cada pedacinho que ela machucava ela beijava, acariciava. Passava mercúrio cromo pelo corpo de Zibio, um garoto que nunca tinha visto a rua. Branco como claras batidas em neve. Cuidava do seu pintinho de garoto todo marcado pelos beliscões que ela aplicava diariamente
_É pra ficar bastante grosso. Dizia ela.
Assim cresceu Zibio. Não tinha pai. Se tinha, não saberia quem ele era. Sua mãe nunca tocou no assunto e ele não ousaria perguntar. Tinha medo.
Era mais ou menos onze e quarenta da noite. Terça-feira. Sua mãe já tinha encerrado o expediente do dia. Zibio já era um rapaz. Grande, forte de tanto tomar porrada de sua mãe e acostumado que estava, já gostava da coisa. Tinha tomado banho pra esperar a mamãe. Banho de chuva. Daquelas torrenciais. Gotas que pareciam pedras de tão pesadas e geladas. Teve que tirar seu chinelo de tiras de pano pois o quintal da casa estava lama pura. Era a primeira vez que Zibio saía da casa. Quinze anos preso naquela casa sem ver a rua onde morava e quando o fez pela primeira vez foi num dia tétrico como aquele e mesmo assim não viu a rua; o quintal era todo murado e arborizado. Ele estava adorando. Arrepiava-se assustadoramente e pensava como era lindo aquele cinza do céu na noite de tempestade.
_Noite linda. Mamãe deve estar bem brava me esperando. Vou ganhar muitos beijos depois. Obrigado Deus por esta noite horrível.
Realmente estranha aquela criatura. Rapaz novo e cheio de travas e manias. Castrado e aprisionado num cativeiro familiar se é que se pode chamar isto de família ou de ambiente. Depois do ritual de batismo, Zibio entra, coloca a mesma calça surrada sobre o corpo e senta na cadeira em frente à escada para esperar sua mão descer. Os pensamentos começam a atormentar:
_Cadê a filha da puta da mulher que não desce caralho! Essa porra de espera só faz piorar as coisas. Só vai dar tempo pra ela me sentar o braço. Se der a hora dela dormir eu nem cafuné vou ganhar. Vou entrar na porrada e nada de consolo. Nada de carinho. Vou deixa-la enfurecida.
Neste exato ele começa a gritar:
_Manhê! Morreu de tanto trabalhar porra!
Num dia normal aquilo já seria motivo para um espancamento. Com toda aquela chuva e com o movimento fraco, sua mãe já devia estar possessa, entorpecida pala raiva e ódio que ela fazia questão de alimentar a cada dia, ódio dele mesma, do mundo que a tinha construído. Ela tinha sonhos. Todos desfeitos. O único ainda vivo estava lá embaixo, coitado, pervertido, desfigurado pedindo para ser açoitado pela covardia em forma de violência. Zibio parecia saber os motivos da sua mãe. Ele a amava demais.
Cada degrau que estalava era um pesadelo para Zibio. Ele estava invadindo o santuário de sua mãe. Um solo de labuta onde sua mãe ficava labutando todo dia. Atravessar a porta do escritório seria um sacrilégio. Mas ele já estava tomado pela vontade quase satânica de invadir o recinto quando o vento fechou todas as entradas de ar da casa, empurrando-lhe como uma pluma fazendo com que ele violasse o sacro local.
A visão era infernal: o quarto, ao contrário do resto da casa estava um luxo só. Totalmente iluminado, arrumado e perfumado. As vestes da cama eram limpas, brancas como neve e a luz trazia um conforto que Zibio nunca antes havia experimentado. Sua mãe estava lá. Linda, com a face púrpura e feliz. Sorrindo e definitivamente morta. Nua em pêlo, com o sexo a mostra e totalmente usado, inchado. Mas Zibio não sabia disso. Só sentia uma vontade enorme de fazer o que ela fazia. Beijar e acariciar seus ferimentos.
Surrava a mãe que estava ali deitada, mortalmente oferecida e sem resistência. Espancava e beijava. A cada ferimento na carne morta um carinho mórbido, um beijo de consolo e desejo, um sentimento impregnado de redenção, desejo e morte.
O ritual durou dois dias e Zibio não saía da casa, dormia ao lado daquilo que tinha encontrado.
O vizinho sentiu que o movimento da casa diminuíra e foi até lá, pois já sentia o odor putrefato que tomava conta da casa. Ele trabalhava no Iml da cidade, era chefe lá. Entro na casa e viu aquela cena. Levou o corpo para o devido local, Zibio foi junto. O vizinho passou a ajuda-lo. Zibio agora tinha um emprego.
Ele chamava seu local de trabalho de “esconderijo de mesas”. Todo dia recebia visitas. Sempre ia alguém pra lá. Pessoas com quem ele conversava e dependendo da aparência e da atração, às vezes rolava até sexo. Uma coisa brutal, animalesca. A quarteirões de distancia escutava-se Zibio urrar de prazer, ele gritava com as pessoas com quem mantinha aquelas relações. Chamava todas aquelas mulheres mortas do IML pelo nome da própria mãe. Foi preso no seu local de trabalho numa noite de chuva como aquela em que sua mãe morreu.
Ela era prostituta, Zibio era filho de um de seus clientes. Ela descontava nele a dor de uma vida de merda, por ter sido uma merda de mãe. O infeliz do Zibio sempre soube disso e tinha o sentimento de amor por aquela mulher. Ele retribuía aos corpos sem vida que ele via o carinho que sua mãe lhe ensinara. Em sua cabeça doente aquilo era amor. Algo frio, desfigurado e movido pelo ímpeto de destruição e morte.
Deus tenha piedade de Zibio. Mais um produto de uma criação irresponsável dada por um fruto de sociedade doente.

Demorou , mas chegou

Este texto foi uma resposta feita para ser dada a um ser humano que, além de preconceituoso, era burro o suficiente para falar do que não sabia, diferente de não saber e perguntar o que se trata. Serve para todos da mesma laia e que estes, sintam-se respondidos. O site não era meu. Eu escrevia pro site. Este é meu e Frank se fudeu

Querida bicha nomeada Frank, que com toda certeza é nome de viado, viado não desculpe, ser humano biologicamente macho com um enorme desvio genético, vulgo aberração da natureza. Palavrão é para ser usado com quem merece. Pessoas de sua índole não merecem nada, portanto não irei proferir um sequer. Nada contra Brasília, mas moro no Rio de Janeiro, cidade que certamente você odeia pela quantidade quase inigualável de bundas de fora por metro quadrado. Preste atenção! Bundas femininas. Justo por não conhecer a cidade, não me atrevo a falar dela uma virgula. Evite seus chiliques. Para sanar sua curiosidade mórbida em relação a minhas preferências partidárias fica exposto o seguinte: Você é muito etnocêntrico para poder julgar ser eu ou qualquer pessoa um comuna de merda. Aliás, um menino polido como você, alteza dos países nórdicos, deveria usar o sinônimo "fezes". É muito mais fresco, quase um termo médico. Citou a imprensa e poderia ter dito mais.
A mass media, ou mídia de massa, como os jornais de grande circulação americanos, que são copiados descaradamente pelos brasileiros desde a reformulação do USA Today na década de 80 com inclusão de cores e tudo mais (antes era feito a quatro cores apenas) é, mantendo a concordância com o termo “mass media” (to explicando, pois acho que você é um perfeito idiota) a voz dos governos em todo o mundo e se você acha que cúpulas de governos e editores de grandes jornais e meios de comunicação não trocam figuras e que toda expressão que vem do povo esta baseada num conceito apocalíptico e não moderado (termos técnicos de teoria da comunicação – Marshall Mac Luhan) venho informar que está na hora de você rever seus conceitos (o meio é a mensagem, pois fiz uma referencia ao comercial da FIAT).
A única verdade absoluta, ainda e sempre usando argumentos de seu próprio texto, se é que você ainda não percebeu, é que infelizmente, no meu país (realmente estou em dúvidas se você é brasileiro) e em outros, existem zeros Kelvin como você (zero Kelvin é a temperatura mais fria em termos referenciais, o verdadeiro zero científico, que dá no mesmo que você, um nada ruim ao absoluto), ou seja, criaturas que supostamente tem um saber, uma cultura potencial enorme, mas que se afogam na exuberância do seu próprio excesso e não conseguem dar um passo em qualquer direção. Falam demais e fazem Zero Kelvin, do verbo porra nenhuma
No mais introduza o primeiro objeto cilíndrico que encontrar no seu repugnante e desprezível orifício engolidor de falos. E faça movimentos giratórios.
Grato e disposto a desfazer posteriores dúvidas

Falar é mole. Foda é escrever com as duas!

Fazer este blog me mostrou diversas coisas. A mais importante: na maioria das vezes a maior dificuldade é percebermos que não precisamos de ajuda. Foi difícil pra caralho colocar estes míseros layouts no ar, com nome certo, assinatura dos posts e tudo mais que você estão vendo. Queria que fosse bem mais, porém meus profundos e específicos conhecimentos momentâneos de HTML impedem uma profusão coordenada de cores, posições e coisas em seus devidos lugares.
Assim como o aspecto físico deste blog, se é que existe algo físico nisso, as idéias e textos que passarão por aqui terão a mesma intenção: ser um esforço, uma tentativa construída pela vontade, por mais tosca que ela seja, mas que irá melhorar e se aperfeiçoar a cada post, a cada comentário (tomara que o Haloscan funcione).
Não sei se por causa da caixa de correio cheia, ou por não querer ser deselegante, nosso amigo Gory, quando não me ajudou acabou me ajudando. O cara é fera. O Abobra é excelente e seu criador um ótimo escritor de texto.
Eu por outro lado, gosto do que escrevo, escrevo porque gosto e consegui descaralhar um Template que alguém levou um tempão pra deixar bonito. Foda-se, ta do jeito que eu queria que estivesse.
Duas pessoas escreverão por enquanto. Eu, Destro e meu irmão do outro lado, o Canhoto. Não esperem uma linha definida ou um padrão. O blog será um espaço para idéias, as minhas as suas e a de quem tiver interessado em participar. As vezes malucas, sérias, verdadeiras, criações, reflexões ou delírios de pessoas que comem cheetos e não tem vergonha de soltar um puta arroto no meio da rua quando se esta enfarado.
Podem dizer o que quiserem o espaço é nosso.

O título do post era pra ser aquela frase de efeito, logo abaixo do nome do blog. Quando eu aprender a fazer ela vai pra lá