31.12.04

Ano novo

Sinal de esperança. Que se renova e que se alcança. Pelos olhos, pelas mãos, pelo desejo e confiança. Nem sempre de rimas fáceis e ricas, mas sempre com uma intenção que se justifica. Às vezes por promessas. Por outras, por obrigações a algumas já feitas. Na maioria delas, apenas por puro acerto.
Dias são como horas que formam anos e tudo são momentos: de reflexão, inflexão, extroversão, introspecção: coração. Tem que haver desejo, vontade, sentimento. Da amizade fiel à paixão de verdade que tudo se lembre com saudade. Pena perceber que poucos notam que o ano que se foi e que na maioria das pessoas, o ano que se deixa para ser esquecido foi o ano que se desejou ser vivido há um igual período atrás
E agora tanto fez como tanto faz. Que neste próximo que se aproxima, que se possa dar voltas por cima e que se aprenda que passar por baixo também é maravilhoso.
Desejo a todos um ano de paz. Um ano diferente e melhor. E que eu saiba fazer das mesmas horas por dia, dias melhores pelo ano todo.
Com a certeza que muda a nomenclatura e que dentro da criatura que irá transpô-lo existe um desejo infindável de fazer com que sejam e de ser feliz.
Gostaria de abraçar a todos neste momento e de fazer sentir-me grato e feliz. Pelo que sou e pelo que me deixam ser.

Feliz sabido ano novo

29.12.04

Batismo

Religiões sempre discutiram as mortes em massa e sempre deram nomes diferentes para estas tragédias coletivas. Em umas chama-se karma, em outras, resgate e no fim, a idéia principal é a de que, particular ou coletivamente, as almas das pessoas ou seus espíritos, antes de encarnarem na condição de seres mortais, definiram que morreriam daquele modo. Uma forma de elevação pelo próprio sofrimento material.
Sendo coisas distintas, a alma ou essência e corpo, por que um tem que pagar pelo outro? E por que em todas as religiões só se chega à purificação ou perfeição através da dor, do erro e do sofrimento? Que cultura é essa de abstinência do prazer em troca de uma vida correta, bonita e feliz? Como se fosse sujo, errado e mal aprender pelo acerto e ter prazer nas e pelas coisas que nos tornam melhores perante nós e aos outros. Como se todo grande líder tivesse que ser no fim das contas, um coitado que só fez sofrer e que invariavelmente morre de forma trágica e dolorosa, desestimulando o seguimento de sua ideologia e tornando sua filosofia apavorante, pois o destino do séqüito será morrer assustadoramente. É o preço que se paga para obter a tão sonhada perfeição.
E as pessoas que morreram pelas águas das tsunami na Tailândia e adjacências queriam mesmo purificação pela dor? Já estavam no paraíso, curtindo suas merecidas férias. E os habitantes locais? Pagaram o preço por já terem nascido no paraíso? Quantas delas se conheciam? Quantas eram laicas ou religiosas? E os peixes e animais marinhos? Também faziam parte de uma seita animal pela busca da baleia Buda sagrada do reino abissal?
Não. Morreram pela força devastadora, incontestável e colossal da natureza. Quieta e tranqüila que num simples desabrochar, que por se espreguiçar apenas, pôs suas coisas no lugar e moveu o oceano, por seis mil quilômetros de extensão, assim, por extenso, para mostrar o tamanho de seu alcance. Nunca haverá escalas que meçam a natureza e infelizmente, seu rastro, desta vez, foi de pavor destruição e morte.
A natureza, das tsunamis, maremotos, terremotos, vulcões, tufões e tempestades não têm religião, não baixa cabeça para qualquer deus e se olharmos para nós mesmos veremos que ela é perfeita.
Lugares propensos a aparições da natureza deveriam ter planos de contenção de catástrofes naturais a serem seguidos à risca. Havaí, Japão, Itália Estados Unidos e outros países assolados por estes acontecimentos, deveriam preocupar-se menos com o destino político e religioso e aterem-se mais aos passos largos da natureza que são mais concretos que o destino e tão certos quanto a morte.

Paz na Terra. E que nós, seres humanos, aprendamos que simplesmente somos parte dela

13.12.04

Transitivo, Direto

Amar é simples Ser
Complexa ciência
Junção de e Ser Ciência
Essência.

Ciúme é trair
Mania de induzir
Erro em conjunto de trair e induzir
Traduzir.

E tudo que traduz o ciúme
Simplifica amar
E surge enfim o Verbo
Imperativo o conjugar

Faça-se sujeito
Ponha o predicado a funcionar
E o pequeno verbo, transitivo
Por seu objeto, direto
Fará sempre certo
Ao cuidar de quem amar.

8.12.04

Incomeçado

A sensação é de estar com o corpo mergulhado em sangue,
no próprio sangue. Que esquenta
Ferve
As bocas se chamam se querem . Beijam e se transportam.
Impelem.
Levam os corpos que se
Atraem, se servem
E tudo que não se precisa é mais um
Beijo
E o beijo é tudo
Os corpos vermelhos, mais que rubros pedem
Desejo
O corpo já não pensa
A euforia do sexo compensa
A sensação perplexa é intensa
A impossibilidade do lugar
E de Tempo, imensa
Outro beijo e haja
Paciência
Corpos dormentes de querência,
Não conhecem obediência

Federal

Sou suspeito para falar, mas a polícia federal vem fazendo um trabalho excelente. Não se noticia outra coisa nas primeiras páginas dos grandes jornais. Prisões de figuras políticas, delegados, juizes, agentes federais da própria instituição e quem estiver na rota das operações. Divulga-se nome e até as conexões destas incursões que prendem pessoas por todo o território nacional.
Espero que a PF chegue até os figurões do contrabando de armas. Não me sai da cabeça que alguns daqueles que deveriam barrar a entrada de armas de fogo de uso exclusivo das forças armadas, fazem justo o contrário, abrindo as pernas e fazendo destas campanhas para a destruição e desarmamento mera cortina para desviar as atenções de fronteiras e aeroportos.
Se não me engano é o comando do exercito e não o SINARM quem fiscaliza a entrada, saída e permanência deste tipo de armas e munições no país. Acho que deu pra entender o recado, né?
Parabéns para Policia Federal, que para mim, é um exemplo a ser seguido. Concursos públicos de nível superior com alto grau de dificuldade, teste psicológico, exames médicos completos, inclusive teste para maconha, anfetaminas e cocaína, teste físico puxado, três meses de academia e por lei, 24 meses de estagio probatório e estabilidade só aos três anos de efetivo exercício da função publica. Tempo suficiente para o puto aprender que agir corretamente é o mais correto a se fazer.
No próximo concurso vou tentar de novo, e vou passar. Já estou estudando.

P.S: Aumentou o número de vagas públicas em concursos para 2005. A PF prendeu tanta gente que as promoções não suprem a vacância. E que a seriedade e tranparencia da Federal seja habitual, solida e definitiva.

7.12.04

Estrelas

No começo elas nem se olhavam, não se conheciam nem sentiam realmente a presença uma da outra no lugar comum que partilhavam. Estavam ali todos os dias e simplesmente ignoravam a beleza uma da outra. Tinham brilho próprio e intenso e todos que as admiravam ao longe, de longe, não podiam realmente distinguir sua beleza e luz. Elas mesmas não faziam outra coisa a não ser viverem suas próprias vidas, adorando seu próprio brilho.
A luz do dia não proporcionava o espetáculo. Neste período é o sol que ilumina e toma conta de todos os olhares, chamando para si, com exclusividade, a atenção de todos. Mas tanto brilho pode ter efeito contrario ao desejado. Não há quem adore ao sol mais que a si mesmo, pois contempla-lo por muito tempo não é tarefa possível para qualquer ser humano. Tanta beleza ofusca e seu brilho acaba por ser perigoso.
À noite não! A noite é democrática por excelência. Linda realmente. Nada é concentrado ou único. Não existe, aparentemente pelo menos, um ente entre os demais que esteja lá, sozinho e destacado. Existe brilho por todo o céu. Para onde se olha se vê um ponto iluminado, uma estrela a brilhar de forma exclusiva e maravilhosa.
Eis que numa destas infinitas noites o que podia ser impossível ou, quase em todo, improvável, deu o ar de sua graça: duas estrelas, igualmente brilhantes saíram de seu estado de amor próprio e enxergaram a outra logo à frente. Duas estrelas lindas que agora se encontravam completamente apaixonadas. Passaram a dar valor ao restante da constelação ao redor e percebiam, agora, que o mundo podia ser mais que uma noite apenas e que uma noite apenas era tudo que elas queriam que o mundo realmente fosse.
As estrelas começaram a se conhecer melhor. Pulsavam alegremente, queriam realmente que a outra a quem adoravam percebesse a diferença de seu brilho entre as demais, naquelas noites de céu estrelado. E mesmo quando tudo estava nublado ou uma nuvem teimosa impedia que elas se vissem, era sabido que estavam pensando uma na outra, que estavam se querendo e que cada amanhecer, apesar de finalizar mais uma noite, traria de volta a esperança de mudar tudo na noite seguinte.
As apaixonadas de brilho intenso, se viam num dilema triste e ao mesmo tempo estimulante: elas tinham tudo para ser os astros mais felizes do universo, mas sua condição de estrela, naturalmente as impossibilitava de estarem uma com a outra. Nem todo brilho, nem toda beleza, nem mesmo a capacidade de estar longe de qualquer perigo ou dor supria a falta que o outro fazia. Estavam sempre ali, próximas, ao alcance dos olhos, entretanto não podiam tocar-se, era impossível sentirem o calor uma da outra a possibilidade de um dia estarem juntas poderia fazer o céu ruir e tudo se perderia por uma noite.
Tudo o que?-pensou uma delas - Que mais faço eu na minha existência de bilhões de anos senão brilhar como todas as outras, para que me contemplem? E justo agora que há um motivo para se viver o mais certo que se tem a fazer é poder morrer por esta felicidade.
E as almas gêmeas bolaram um plano que só podia dar certo. Juraram para si mesmas que iam fazer de tudo para estarem juntas o mais cedo possível apenas e justamente as duas já que não há motivo para estarem separadas mesmo que tenham entre si uma impossibilidade universal.
E naquela noite a lua parecia estar mais linda que nunca. Enorme, tomando conta do céu, exatamente como elas queriam, pois era preciso não chamar muita atenção para aquilo que elas estavam prestes a fazer e que podia ter conseqüências catastróficas. Eis que as duas estrelas apaixonadas começaram a brilhar e emitir energia como nunca. Os mares em reverencia a força daquele sentimento pareciam criar as maiores ondas já vistas, como se quisessem mostrar que mesmo ele, preso em sua própria imensidão era capaz de fazer todo aquele movimento. Uma brisa leve e constante tomou conta do ar e a paixão daquelas estrelas fez com que elas mudassem de cor. Elas vibravam tanto de vontade que já estavam avermelhadas e era impossível não perceber todo o processo que se iniciava no céu.
A lua, companheira de sempre, deve ter percebido a intenção das duas sapecas e dispos-se a brilhar magnificamente e pode mostrar o caminho mais curto entre as duas. Estava tudo pronto e elas começaram o trajeto que com certeza daria certo.
Começaram a chamar uma pela outra, mirando toda sua luz para onde queriam e desprenderam-se de seus lugares, pré-definidos, e rumaram em direção do seu único e derradeiro encontro. A velocidade era inimaginável e a força daquele momento mudou o céu por completo. Não havia nada mais além daquele movimento em direção a felicidade completa, nada os impediria agora e o maior sonho deles estava se realizando naquele momento.
Sempre achamos que estrelas cadentes se movimentam para realizar nossos desejos, mas nos enganamos muito com elas. Elas se movimento rasgando os céus para se encontrarem e se amarem, pois a externalidade, muda e estática, é uma prisão inconcebível para amores, que não podem ser contidos. Estrelas cadentes desafiam o impossível por apenas um instante, o instante em que seu amor é possível e este segundo de liberdade vale mais que qualquer tempo na eternidade.
Nossas estrelas se encontraram e a explosão que elas ocasionaram foi mais forte que qualquer luz do dia pode ser e, neste momento, todo o céu se rendeu à força de um amor que mesmo contra toda a história dos tempos fez o necessário para se manter vivo.
Estes brincos são uma lembrança apenas e um exemplo de nossa história como a história das estrelas. Aparentemente eles nunca se encontram, pois só os vemos separados, um em cada orelha, mas poucos percebem seu momento posterior quando saem delas, ou o anterior, que a pouco você realizou, quando os colocou em suas mãos para abrir esta carta e poder lê-la. Se quisermos, eles podem sim, permanecer juntos
Suas mãos são um mundo e você querendo, eu estarei nelas, como já estou.

Adoro você do verbo! Muita coisa.


P.S: Esta carta foi dada junto com um par de brincos em formato de estrelas. Esta pessoa desafia o conceito de Impossível. É uma pena sermos um casal perfeito na existência errada. A falta de coragem injustifica o medo e faz dele uma desculpa para a infelicidade completa.

2.12.04

Informação

Já estamos no segundo mes de blog. Isso é que é progresso e resistencia. Parabéns pra nós mesmos e obrigado bruxinha, por ter sido a única pessoa a nos visitar. Um beijo.

Eu até fiz minha inscrição no site metter, mas como manjo porra nenhuma de HTML e to sem tempo para aprender, não sei nem se alguém além de mim acessa o blog.

Fabiana

Ela estava ali diante dos olhos. Com certeza a mulher mais bonita que vi este ano até hoje. Uma combinação fulminante de olhos azuis super-expressivos, cabelos negros, pele branca, voz grave e suave e de uma beleza realmente impressionante.
Fiquei boquiaberto como há muito não ficava. Acho que trocamos dois olhares. Um mais rápido quando ela falava com um amigo meu que estava conversando comigo e outro. Este mais direto, mirado, direcionado. Dei sorte de descer justo quando ela se preparava para ir embora e fitamo-nos mais uma vez, ainda achando eu que com a mesma intenção.
Baseado nesta intenção, pela primeira vez na vida tive a coragem de pegar seu telefone num cadastro e ligar pra ela. Queria passar a cantada mais fulminante que houvesse, mas só consegui em meio ao meu nervosismo, ser o mais sincero possível:

_Você é linda. Realmente muito bonita!
_Muito obrigada! Disse ela entre a surpresa e a falta de entendimento.
_Só isso!
_Tudo bem.Obrigada.

Sou um idiota, mais talvez ligue para a dona dos olhos azuis amanhã, me desculpando por ter sido tão inconveniente, ou não?

Saberei amanhã.