28.1.05

Fratura Exposta

Oi, amor. Vim me apresentar para lhe dizer tchau. Sim, para me despedir num pra sempre eterno. Daqueles que duram para sempre. Pois que o pra sempre sim, invariável finda. Oi amor, estou aqui pra abrir mão da última vez de um, por que não, talvez. Sem mais afirmativos, negativos ou meros porquês.

Prazer amor. De ter sentido, de ter querido. Prazer amor, por não ter sofrido, por sequer ter sido. Prazer amor, agora sabido, que não foi nada mais que dolorido. Pois não se tem alegria na tristeza que é viver pra ser preterido, incompleto e dividido. Prazer amor, mas que prazer mais incontido.

E se a dor que me vem agora trará alívio ou compensação só meu único Deus mostrará. O Tempo passa e nunca despercebido. Sabido este moço. Arranca dúvidas, traz certezas e num segundo infinito muda sua vida como mero brinquedo. Acaba com tudo. Constrói com tudo. Faz do todo um tudo e do tudo que se foi um nada que já o é. Complexo o tempo, mas é o único que verdadeiramente nos quer.

Apaixonado, amor. Paixão de ter sentido, de ter tentado de ter perdido. Apaixonado por você, por ter lutado, por, enfim, ter sido derrotado. Já não podia mais levantar do chão e pedir para outra vez ser abatido, açoitado, surrado; amado. Abatido por eu próprio, pelo que se sente, pelo fogo que nos impulsiona, pela paixão pela qual se é consumido. Que paixão destruidora e acabei por destruído.

Obrigado, amor. Por ter me deixado aprender. Por ter me feito sentir. Quantas palavras velhas se me vieram inéditas e quantos sentimentos por outrora tolos se fizeram indispensáveis. Obrigado amor por não caber em peito próprio e por procurar um ninho quente e seguro no peito de alguém que não eu mesmo. Agradeço pela saudade, pela alegria e por toda a verdade. Obrigado por me ensinar a querer e ter vontade.

Adeus, Amor. Por nunca assim ter lhe chamado, por sempre assim ter sido querido só por mim. Adeus amor, por nunca, em nenhum momento eu assim ter sido. Adeus e obrigado por somente eu não ter conseguido. Adeus com todo sentimento; explicado, exposto, dado, experimentado. Adeus, amor, meu amor. Adeus nosso amor

Adeus de amor é impossível e para milagres não conheço outro jeito. Só há Deus

Amor

Atitulorium

Não sei se sou eu que estou muito sensível, se as pessoas com que estou encontrando têm passado pelas mesmas ou coisas parecidas ou se tudo isto ao mesmo tempo. A vontade de escrever que estou feliz é muito grande só que este momento não está chegando e curiosa e paradoxalmente sei que por minha causa.
Me chamo idiota, burro e imbecil a cada segundo e mesmo assim não consigo a última dança. Não a quero e parece que esta lacuna da despedida que não vai haver está me deixando longe de mim mesmo o suficiente para achar que não vou conseguir. Mas vou e vou!

A música que toca já é tão conhecida que a desconheço
Em cada versão que te dou lhe reconheço
Sim, é alto pagar este preço
Danças em salões vazios
Entre faltas de olhares e espios
Arrepios

Me encontro ao redor
De um centro que se espalha pelas fronteiras
De um lugar sem geografia
De terras tão distantes e esguias
Que pela extensão de seus mares se aproxima
Duma perdição encontrada
Onde só a vontade se enfia
Agonia

E me ofereço o mapa que desvenda toda trilha
Diante do desfecho; o fim
Afinal!
E o mapa se fecha e surge uma estrada maior
Um caminho novo e infeito
Onde eu posso sorrir e criar
Onde eu consiga enfim, pedir, aceitar e chorar
Uma vida nova e desconhecida: o, em si, desejo
Perfeito

25.1.05

Teoria do Vício

Queria não contaminar as pessoas em volta com meu estado de espírito, mas já percebi que é impossível. Todos se preocupam, gostam e querem saber para ajudar e não para espezinhar ou rir dos acontecidos.
Tomara que passe antes d’eu me adaptar, que eu seja limitado o suficiente para não conter um sentimento que parece me espremer contra a parede.
O sofrimento dói, entretanto faz das pequenas alegrias, que são banais e freqüentes, coisas maiores e boas de se sentir e ter.

24.1.05

Caminhando

De mais um papo casual com pessoas não menos essenciais me sai um assunto que poderia passar despercebido não fosse a implicância teimosa e perseverante de minha atenção que, relutante, persiste em achar sempre um novo num bom e velho acontecimento conhecido qualquer.

E aí Sandrão como vão as coisas?
To caminhando Placerdinha, caminhando..
Pelo menos está indo pra algum lugar, o que é bom.
Ou talvez saindo, o que pode ser melhor.
Mas se sai está indo pra algum lugar
Nem sempre. As vezes só se quer sair sem ir pra lugar nenhum

É claro que todo movimento nos remete a algum lugar, mas o que consegui ver e apreender foi que, sair, é importante. Pois ficar pode concretar suas sementes em terrenos inférteis que farão raízes hipotróficas que não nos levarão, senão, ao tombo irremediável de um andar tardio e covarde.

Ainda é nublo o céu. Mas a certeza da possibilidade é tão grandiosa quanto o sol que marca o Tempo. Eis um verdadeiro deus. Sempre em maiúsculo em sinal de respeito

19.1.05

Ruim de Aturar

Ta tudo muito nublado e por mais que eu vislumbre um risco maior de sol no horizonte que se coisifica pelo toque alcançável de um esticar de dedos, o barulho da chuva ainda é ensurdecedor. E num reflexo físico, toda vez que dói aos ouvidos fecho os olhos, como se não enxergar diminuísse meu incomodo, na tentativa de desviar o som para o lugar de onde ele realmente emana; dentro de mim.
Adoro estas tempestades, mas como não podia deixar de ser tudo se faz diferente. Sou eu quem fez chover e somente eu posso decidir quando parar. Molhar é a intenção de toda tempestade. Seu fim porém nem sempre traz a finalidade proposta, ainda mais quando se propõe o que não se quer cumprir.
Ta difícil, ta dolorido, ta diferente e ta me fazendo mal. Me deixando pra baixo, pra dentro e irreativo. Sim, palavras novas para sentimentos novos que não sei como descrever e não tenho obrigação de saber como senti-los. Mais raso do que parece, sei qual é a melhor saída para caso este de difícil solução que eu mesmo me propus. A felicidade está na minha frente, passeamos de mãos dadas sob um luar bonito em noite de calor insuperável. E mesmo assim me dói perder ou deixar de querer ter alguém por quem lutei desesperadamente e que sabidamente não fará o mesmo comigo e por mim..
Impossível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo e na dúvida sobre quem se gosta mais a solidão é a companheira menos dolorosa que me permito ter. Tomara que eu tenha tempo para acertar e que acertem comigo. Caso contrário azar o meu e vou ter merecido.

18.1.05

Obrigado

De alguns dias para cá tenho passado por decisões que afetam e afetarão minha vida de forma sensivelmente decisiva. Como se novidade fosse, poucas pessoas ou nenhuma daquelas que deveriam e teriam obrigação de faze-lo, perceberam. Pois bem, foda-se
Sim, to puto a ponto de mandar-me eu mesmo pra puta que pariu, mas prefiro deixar isso pra depois. Em momentos como este, minha já aguçada capacidade de observação aumenta e, proporcionalmente, meu senso critico e minha acides mórbida e voraz para julgar atitudes e defeitos alheios.
Não é a primeira, tampouco a última, em que esbarrarei em situações desta amplitude. Só que desta vez ta foda. Ta tudo acontecendo ao mesmo tempo e as oportunidades de melhorias brotam a cada certificação de piora e parece que o planeta resolveu tirar uma onda com minha lata.
Voltando do desabafo, vamos ao que interessa. Tem uma atitude filha da puta do caralho, que eu já detestava e que agora me dá nojo e repugnância. Acho que todos que fazem dela desculpa para torrar a paciência e o juízo dos outros deviam se fuder de verde e amarelo, só para deixarem de babaquice.
Que se tenha medo das coisas e que não se faça nada ou se faça a maior merda do mundo por pura apatia ou por impossibilidade técnica tudo bem. A pessoa tem medo, não consegue fazer e vai pro caralho, FODA-SE.
Agora, me vem o infeliz, dizendo que quer uma coisa e não faz por que é covarde, por que deve satisfação pro mundo e fica numa merda dos infernos, vivendo uma vida que não se quer porque fez pacto com o capeta, pra você só tem uma solução: V A I S E F U D E R filha de uma puta do caralho. Que você sofra no colo do capeta até sua alma sublimar na profundeza dos infernos que será sua consciência e seu presente, por ter sido ínfimo o suficiente pra ter certeza do que era melhor e fazer diferente e por puro masoquismo manter uma atitude, situação e vida de merda do caralho.

14.1.05

Amora, amor há

É isso aí, bom e velho. Como se eu não te conhecesse. Como se tudo que você faz fosse simples e não renascesse. Mas já não sou criança e na maioria das vezes, queria continuar a sê-la. Pra não doer, pra não saber, pra não temer.

Pois é, amigo velho. A gente cresce, tu apareces e nada mais me cabe. O espaço que tu demandas é sempre mais que o peito agüenta e dói entender que seu lugar é fora em outro alguém. É lá que você mora. Fino frágil, gostoso e visível como pé de amora

Amora
Amor que fora
Amor agora

Raiz que finca
Brotando desejos.
Brinca
E o sentimento brota
Suas frutas doces de caldo marcante
Levam a boca o sabor do que se persegue
E a cada mordida se sangra um suor querido
E sempre se rega a árvore naquela certeza do ser constante
Amores nascem, frutificam e vão
E é sempre certo
Que, invariavelmente
Amor há e como toda coisa de dois
O amor são

Substantivo masculino singular e por mais estranho e esquisito que se lhe pareça, errado é aquele que tenta, em qualquer forma, sua forma aprisionar.

Bruxinha

Difícil entender esta sensação que me impulsiona a cada comentário seu. Como se me inspirasse cada impressão sua sobre mim, sobre o que escrevo. Fonte de idéias o que você escreve e o quanto você se mostra. Realmente prazeroso invadir os domínios de seu recanto digital e quase poder sentir sua presença em palavras que traduzem claramente suas emoções.
Pela liberdade do seu blog não me sinto invasor, pois. Parece que fui convidado por sua vontade e pelo seu carinho que, pelo menos para mim, é límpido e rutilante como brilho de estrelas.
Sinto falta de suas palavras e com certeza o encanto que proporciono a você equivale ao que recebo.
Obrigado Bruxinha, por, no mínimo, acreditar e entender. E isto é muito!

Beijão

7.1.05

Angela

Algo diferente me acometeu nestes dias. Existe uma mulher agora em minha vida que me divide ao meio, fazendo-me sentir como se fosse eu uma criança inexperiente que acabou de aprender a andar. E por mais que ela me permita entrar, estou incompreensivo demais para dar-me o prazer de ser feliz, como se o sofrimento que eu carrego no peito fosse suficiente para suprir a carência que me assola.

Sim, estou falando de você e toda vez que me reflito em seus olhos me pego sangrando sem saber se lhe beijo a boca ou se lhe peço desculpas por ser tão estranho.

P.S: Concordo com você. O coração foi feito pra sentir e quando ele dói à cabeça não sabe o que fazer.

Perola

Jornadas rumo a lugar nenhum são norteadas por bússolas sem norte algum. Estou precisando urgentemente de uma bússola quebrada, pois mais que nunca, estou perdido, sem saber para onde ir.

Aceito ajuda.

4.1.05

Lei

Lascivo, corta a carne e penetra.
Lânguido, esgueira-se pelas arestas polidas do corpo e introduz-se
Luxurioso, toma-lhe pelas mãos sua cabeça e repousa o sexo em sua boca
Loucos, fecham os olhos para conter o prazer em corpos que já não se bastam
Livres, dão, como se fosse a única saída escolhida pelo desejo para entregar a carne a alguém

Externo como o pouco ar que se aspira neste momento
Esperto em mãos que fazem percorrer seu caminho inconhecido para destino certo
Espetaculares, os movimentos que desencadeiam sentimentos de prazer e chuva
Esvaziando pelo suor o peso confortável da presença do corpo desejado
Ejaculação sinestésica de pensamentos coisificados em corpos que se crescem em sexo

Incontrolável como o tato que de tão usado já confunde
Imensurável a ponto de transformar palavras em gemidos fortes
Inaudível para olhares mudos que só escutam o que se sente
Imaculados na arte de manchar com força e sangue um intento de carinho e paixão
Impossível de se conter na palavra que as três letras iniciais de cada estrofe são.



3.1.05

Sem título

Preciso de alguém que me ame
Que chame
Que sinta que queira
Que inflame
Preciso de alguém por quem eu clame

Quero um amor que me queira
Que se abra
Que se doe
Que se tenha
Quero uma mulher por inteira

Serei um amado a minha maneira
Que se entrega
Que se enxerga
Que se leva
Serei no amor pessoa derradeira

Que na brincadeira das palavras
Se me amoleçam as virtudes e
Como num ato da força
O amor vença e
Que no meio do silêncio seu idioma imenso
Não seja capaz de suprir amor, esse tão denso