11.11.04

O Início

A batalha será perdida. Quem diz é o Instinto. Infalível. Sorrateiro. Verdadeiro. Absolutamente imutável. É o mesmo Instinto que diz estarmos apenas no início. De uma guerra enorme, talvez sem fim. Mas isto não é decisão do amigo Instinto. Será conseqüência de um inimigo fiel, companheiro e sincero. Aquele que está em segundo lugar na lista dos piores inimigos: O Destino. Mutável. Ilusório. Constante. A grande estrada objetivo a dentro. O caminho que leva a derradeira luta com o pior inimigo. E tenhamos certeza: o que todos nós mais queremos é que está luta aconteça. E por mais que se perca, sempre vencemos. De novo o Instinto. Trazendo a certeza da vitória. Falemos dele, pois.

Que fique esclarecido: o Instinto nunca falha. Por mais absurdo que se lhe apresente ele é a essência da mais pura verdade. Uma dentre as poucas que podemos tocar. Mais uma entre as muitas que não nos permitimos conhecer por pura ignorância. Ignorância no trato, no contato, na intimidade. Medo de que seja possível perceber tamanha presença.
O Instinto não é um sentimento. Transcende o conceito de sentimento. Entranha-se no emaranhado de incertezas que temos que debulhar vida a fora. A todo instante, intensamente, incessantemente, invariavelmente. Plural e único. Multifacetado e particular. É sua arma. Minha arma. Nossa única defesa. O corpo falece, perece, padece, ajoelha fraco em posição de prece. E no momento certo nosso amigo aparece. Arrepia o corpo, a carne outrora fraca estremece, o arrepio gélido eriça os pelos e a pele endurece. O vomito ejeta-se pela garganta e o corpo cresce. Mais uma vez em posição de prece. Mãos postas á boca como se pedindo estivesse. E na verdade estamos. O Instinto nos faz lutar. Diz ao corpo que é possível conseguir e se assim o for assim o fará que seja.
Aquela agonia que nos faz voltar a cabeça em direção oposta. Aquela voz firme e confiável que nos alerta para o que deve ser feito. São pensamentos vindos do lugar mais confiável da existência humana: o desconhecido.
Entregue-se ao desconhecido e dominarás a arte de usar o Instinto a seu favor. Este sem controle torna aquele apavorante. Dominado faz com que tudo se torne antecipado e adiantado. Deixa-nos um ou mais passos a frente. Passos metafóricos. Podem ser horas, dias, segundos, pessoas, coisas, vidas.
O maior amigo é destruidor. Indestrutível. Rompe qualquer grilhão com a facilidade de um Querer. Eis o segredo. Queira. Como se fosse consumível pela eternidade. Volátil pelo instante. Grandioso como o universo que teima em expandir-se além da compreensão do que se mensura. Aventura-te. O Instinto é a razão da vontade. Seu guia nosso guia. Ele me levou a ela. Já o dominei faz algum tempo. Já não o confundo com a Dúvida. A curiosidade é um traço marcante dos que já dominaram o Instinto. Faz com que a eliminação de qualquer dúvida suscite questionamentos que nos tiram do total estado de inércia moral chamado ignorância.
Eis que pela primeira vez, por Instinto, olho pra ela. Pronto! Estamos começados. A primeira batalha tem seu começo e de cara sei que vou perdê-la. A batalha. Meu melhor amigo afirma que ela será minha. Infalível e verdadeiramente.
Sei que a quero mais que tudo. Agora há coisas que devem ser destruídas. Outras para serem construídas. Decisões. Voltaremos a falar delas. Neste exato, é tempo Dela. Que comece!

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