18.2.05

Carne moída

A fome que se espalha assolando mundos é maior e de todos
As pestes que são de todos assolam imundo
A hipocrisia que faz dos cegos os que conseguem ver, desculpa os responsáveis
E a passividade diante das agruras fere aqueles que lutam sozinhos em comunhão

Ainda assim, diante de toda esta grandeza exterior
Consigo sentir uma dor maior, um vazio pior
Pois sei exatamente onde, como, quando e porque tudo ocorre
E dói ainda mais quando percebo que só eu posso fazer parar

Não é a falta de condição que me impõe a trava
Menos ainda o desconhecimento de causa e efeito
O contrário é que me assola, consome e esfola
Imola a carne como se os desejos fossem proibidos
Diz ao sentimento que deixar perder será ultrágico
Por simples ser, pior que nunca poder ter e
Por isso e com isso, sem querer nada disso
Disponibilizo-me a saber que vou sofrer
Alguém, em ato de compaixão, faça-me parar de sofrer
E só posso e faço este pedido a mim
Só que isso, ainda, não sei querer

Queria ser da força espada
E desta, mortal, a lamina
Mas da lamina somente o fio em sua luz fustigante
E queria ser de quem a empunha
Consciente, consciência, exuberante
Para ter noção da força, visão da perda, embainhar a arma e seguir,
Num sempre


Adiante...

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