11.2.05

Pontuado

Eis enfim que um fim tardio finda mais um inicio
E assim perto de tudo e longe do precipício
Precipito me, e, condensando meus sentimentos mais sublimados
Póstumo
A chorar

Póstumo é corruptela, mera liberdade com a língua
Indicando posição, do verbo me ponho a
E, exato, póstumo, pois choro a enterrar algo que não mais vai germinar
Crescer, sofrer, frutificar, por mais que se sofra em regar, florestas hidropônicas

Se ciclos são realmente cíclicos vou por me a ciclicar
Quero que os ventos do movimento em espiral me façam espiralar
Projetando minhas dúvidas e novos medos na certeza da espera
Do que possa vir a ser e do que quero conquistar

Já não quero nada com tanta exatidão
Quero que me queiram
Vou descansar no conforto do desejo externo, alheio, de outro seio
Na luta pela minha própria conquista
Permitir me e a outros que a vitória não me pertença
Pois a bem aventurança de quem não busca nada está na solidez de ser buscado

Sempre desejei a outrem como se estes fossem
Os últimos de um lugar inóspitamente apaixonante
De um planeta amor onde erroneamente supus só ser possível a mim
Lutar, desejar, perder e ganhar
Desconfiando de minha real iluminancia
Apagando, analogicamente contrariando, um brilho que em mim reside
e que inexplicável em forma, não me permitia ter, gostar e ver

Enxergar que tenho o que busco e que outros buscam em mim o que tenho
Deixou me instável, volátil, estranho e com medo
Mais seguro, orgulhoso,
Novo sentido para a palavra humildade
Outra face da moeda chamada dar
de um lado, o já conhecido, o ato de reter, possuir, conter, de ir pra vencer e conquistar
do outro, o movimento contrário, o poder de se deixar, de não se ter a si, e, mesmo assim,
Se dar.
De se presentear com a possibilidade inexplicável que é
ser alguém
Que um outro alguém
tem vontade de amar

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