Não há, realmente, nada como amar você
Esse tudo que parece sempre incompleto
Este longe que se sente mesmo perto
Plausível erro de quem vislumbra o certo
Por mais certeza que se tenha em não saber o que se faz
E lho sinto assim
Uma coisa que chega e parece que sempre se vai
Vazio que preenche
Concretude que com o brandir da saudade se esvai
Eterna percepção daquilo que não se define
São inúmeras as definições
Porém geralmente indefinidas
Pois que não postulam menor regra
De tão desregrado que se apresenta
Estranha esta intimidade com este total desconhecido
Escorrega pelos braços
Por vezes pesa, quase insuportável
Por outras escapa de tão volátil; maleável
Ainda assim, extremamente nosso, cismamos em dá-lo
Como se disponível fosse; um simples regalo
Abençoado como o mais maldito dos regenerados
Cultuado, venerado, adorado
Outrossim submisso, renegado, acossado
Indistintamente perseguido, objetivado
Estado de perfeição uníssono almejado
Um pulsar desesperado que te busca em cada canto
Motivado por paixões e desencantos
Regado ao suor do esforço
Ao desalento, ou alegrar dos prantos
Coisa que te quero e de ti espero em tanto
Descobri não ser tão auto-suficiente
Tampouco onipresente e uni subsistente
É coisa dada ao bom vício da concorrência
Da necessidade do corpo presente
Atitude de querer constantemente
Por isso não demore
Não faça com que por tristeza eu chore
Venha com sua peculiar e plural fome
Conserve-me e me devore
Esqueça os olhos e me olhe
Com o sentir da lembrança
Com o querer da esperança
Com a dúvida da segurança
Com a mão de quem alcança
Agitação incontinenti que amansa
Sai de ti e vem
Dê-se a si e me tem
Seja meu eterno alguém
Saiba-se não viver sem
Pense ser impossível e iremos além
Das estrelas que nos adornam
Da lua que remete ao que foi
Da infinitude do céu que escorre límpido
Do brilho do sol que ofusca quando vem
Sejamos mais do que o mundo que se oferece
E ao construir nossa morada
Sem trincheiras ou brigadas
Quero apenas o frescor das madrugadas
Nosso reflexo nas águas iluminadas
Nossa calma nas tardes descansadas
Tenhamos teto no sossego
Posse no desapego
Prisão na eterna e indisponível liberdade
Pois apenas aquele capaz de nos fazer livre
Naturalmente ama de verdade
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