Tomara que seja mesmo
Um dom desses que se cultiva
Apenas por se estar vivo
Simplesmente por ser comum
Nada mais que habitualidade
Dizer que não se percebe seria falso
Sei que as palavras têm certa importância
Um quê de extravagância
E em momentos como o deste exato
Doses cavalares de ignorância
Motivos para uma explosão existem
Seria aproximar do ridículo
Usar comum justificativa
Prefiro o difícil exercício
De entender a posição alheia
Paciência é relacionada à ignorância
Quanto menos sei das razões alheias
Mais paciente permaneço
Quando consigo mostrar que entendo os motivos
Já não devo segurar
Bondade não significa submissão
É ser justo com erros próprios
Ser receptivo aos acertos dos outros
Manter-se inteligente para perceber sutilezas
Estar pronto para ser grosso
Quando pisarem no seu calo doído
Olhando na sua cara torcida
Com o hálito do propósito impregnando
Não tenha dúvidas
Parta para dentro
O abuso descarado e iminente
É convite ao revide
Trinque seus dentes com bastante raiva
Segure no pescoço do oponente
Parta-lhe a cara
Seja visceralmente incontrolável
Lute por seu território
Derrube aquele corpo inútil
Pise naquela garganta escrota
Exemplifique aquela velha e boa lei
Estes dois corpos não ocuparão o mesmo espaço
Nunca,
Jamais,
Nem fodendo
Pois não há amor
O ser humano precisa de amor
Ondas devastadoras de calor
Regado a bastante desejo
Vontade de consumir aos beijos
Destrua, então, este ser repugnante
Que teima em encher o saco
Falso, asqueroso, nojento e descartável
Ignóbil, tosco, podre, maldito
Infeliz, desgraçado, babaca
O verdadeiro merda
Quero que você vá
Para a puta que o pariu
Vai chamar sua mãe, aquela vaca
De amigão
Amigão é o caralho
Vem com esta voz mansa
Este jeito mole, falso
Ridículo e intragável feito um verme
Personificação do vazio mal intencionado
Um porra nenhuma ambulante
Com a nuvem carregada sobre a cabeça
Cheia de pensamentos e vontades tortas
Dispara sorrisos entre dentes amarelados
E olhares cinzentos, pesados, malvados
Louco por uma vaga na minha alegria
Que possa ser ocupada por sua dureza
Transmutada em sua aspereza rude
Na rouquidão desta garganta que pigarreia
Feliz ao perceber tristeza em outros corpos
Sinto pena de você, infeliz
Pois aquilo que é estado passageiro para mim
É condição inconteste para os da sua laia
Enquanto sou feliz por não estar triste
Ficas triste por estar feliz
Sorva a lama de sua construção desprezível
Seja o porco mor deste chiqueiro nauseabundo
Só não venha com seus braços e abraços
Pois sua sujeira é dos poucos entes que me desfaço
Mantenho meu interior limpo
Por mais que minhas vestes lhe digam quase nada
Dói notar
Que ao perceber-se em meu brilho simples
Sua alma rugosa chora invejosa
Deus perdoe você, amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário