27.9.06

Atitulorium

Descansa enfim em minha boca
Como a saliva quase gota
Dependente e insustentável
Perfumada ao hálito de minha necessidade

Sinta meu prezo por ser-te indispensável

Cola em meu colo onde te coloco afável
Desbanca meu banco de carne e osso
Enlaça meu peito com seu dorso
Dobra seu desejo em meu pescoço

Abraça minha vontade com a firmeza de suas pernas

Suspira em minha vida esta morte breve
Seu prazer insano de imortalidade leve
O peso ínfimo que quer que releve
Seu interior que meu exterior revele

Ser dentro de seu ser tudo que pode o querer

Acorrente minha solidão hipócrita lá fora
Arremesse as chaves despenhadeiro abaixo
Prove ser fêmea onde me acho
Fenda sem arestas rústicas onde me encaixo

A rima desta frase é desnecessária

Preciso é o que preciso de você
Seu cheiro, seu gosto, seu rosto
Repousado em minhas mãos carinho
Coração ao teu lado, alado: passarinho

Que não passa de um filhote no ninho

A espera de seu calor proteção
De seu compromisso caução
Sua mentira; ilusão
A verdade: paixão

Vida entregue em sua mão

Ao se por às minhas em gratidão
Fechamos o ciclo de uma só vez
Sem esperar retorno, tudo tivemos
Sem o menor esforço tudo se fez

Repetiria tudo, sem a menor desfaçatez

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