4.10.06

Te Beijo

Dai a mão como se fosse perdê-la
Encontre-se, justo assim, na próxima
Que com certeza absurda
Se lhe estenderá

Entrega escancarada

Siga sua alma
Chore toda vez que lhe ocorrer vontade
Viva infinitamente
Presenteie-se com a dádiva maior

Abra-se

Desconsideráveis oceanos bravios
Mares, vales, terremotos
Desdenhe de qualquer ente da natureza
Estranhe a força descomunal

Desde que seja possível reconhecer-se

Desvincule sua essência do que o mundo o supõe estar
Acredite, levemente, naquilo que é
Seja, lhe suplico
E não serás nada mais do que já o é

Tudo, simplesmente

Por muitas vezes, na sua jornada
Parecerá que o que tens
Transcende o que merece
Que abunda o que aos desprovidos rareia

Inverta sua posição

Merecimento deriva dum binômio
Tão dolorido quanto gratificante
Jamais abra mão de ser
Capaz e confiante

A sorte só é aliada daqueles que têm azar

Faça tudo para desmerecê-la
Escute, olhe, sinta, toque
Erre, acerte, tente, aprenda
Ajude, ensine, compartilhe, compreenda

Aos capacitados é impossível falhar

Trabalhe a injustiça do mundo de forma justa
Quando lhe pedirem para ser um pouco pior
Repreenda-se, impermita-se
Repouse a compaixão aos olhos

Renda-se : seja, simbolicamente, menos melhor

Tradição é algo que ocupa muito espaço
Inconvenientemente
Desfaçamos-nos como um todo destes ranços
Precisaremos estar vazios, pois

Paremos de confundir caridade com mediocridade

Desconsidere qualquer pedido de retorno
Quando a anterioridade obrigatoriamente
Remeter a patamares retrógrados, arcaicos
Quando alguém lhe estender a mão, de baixo

Curve-se quando estiver forte o bastante para puxá-lo

Melhore o universo que lhe cerca
Mesmo que este compreenda ínfima geografia
Entenda que tudo que fazemos
Se expande sem harmonia

Vivendo entre os outros, harmonicamente

Continue crescendo
Mais, muito, indefinidamente
Ao duvidar ser possível
Reponde tranqüilo:

Sou aquele que merece, perfeitamente

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