29.7.05

Ao Amigo

Há algum tempo
Resolvi que as letras fariam um bem
Arrancando das profundezas
Mágoas e tristezas enormes

Estava absolutamente errado

Fariam muito mais
Mostrariam realidade
Um ser que residiu sempre em mim
Que esperava a linguagem certa de pedir

A liberdade arrebatadora e simples

Encontrei a forma da minha matéria
Descobri que somos muitos
Que existem outros, ainda bem
Do mesmo teor e quilate

Sim, somos diferentes e melhores

Acredite na força que propagamos
Levamos sentimento em coisas mortas
Palavras não são nada sem nossas vidas
Deixam de ser simples através de nossos conteúdos

Signos de nosso significado

Afinidades são construídas neste nicho ao qual pertencemos
Atitudes de respeito, admiração, deslumbramento
Deparo-me por vezes com perfeições estruturais
Outras, derreto-me diante a desregrada entrega total

Transparente que são as palavras

Existe um lugar destes que mexeu comigo
O primeiro contato foi bem no início da minha jornada
Caminhava buscando silencio próprio
Para que não se assustassem comigo

Por muito fui mesmo solitário

Não tive coragem de expressar-me
A beleza do local arrebatou
As figuras, as letras, as idéias
Tomaram conta de minha calma

Condensaram meu querer em grandiosas nuvens

Constantemente retorno a este local
O fundo cinza chumbo remete a chuva que vem
As letras, em branco, gotas que nos molham
Nós, comentando, trovões, trovejando

As fotos, destino entre a imensidão das águas

Espero que tenha acertado outra vez
Pois gostaria de retribuir realmente
Por ser tempestade constante
De coisa tão sua

Fazer parte de seu Dias de Chuva

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