Quando o silêncio invadir sua essência
Expulsa-o como se faz com as coisas desnecessárias
As ruins, embora desta natureza, acontecem
E demônios, devemos tê-los
Sob domínio e eterna vigilância
Que fiquem os outros surdos
Frente às súplicas e pedidos de perdão
Quero prover o mundo com minhas bondades
Ser excessivamente mal com minhas maldades
Transformar todas as mentiras verdadeiras em falsa inverdade
Possua seu opressor pelo âmago
Invada seu estomago moral
Faça-o passar mal, marear, vomitar
Torne-se o mais repugnante possível
Para que ele odeie olhar na sua face linda
Sentindo pregos penetrando seus ouvidos
Urrando surdamente quando perceber
O sussurro de seu nome santo
Soletrado pela boca imaculada de uma criança
Alienada do valor e força que tem a palavra
Exume do seu manto chamado pele
O ranço vil e podre do tempo perdido
Deixe para trás o passado que já não se desfaz
Perfumado da carnificina que se realizou
Morremos sempre a cada presente que se desnuda
Quantos defuntos de nós próprios deixamos sem farol
Que lhes iluminasse o tortuoso caminho de regresso
Rumo a lugar algum, incerto, incesto
Enamorado com a intima filha
Do caso entre vida e Tempo nasce a morte
É nossa vivência que dispomos quando erramos
Tolos e incompreensíveis
Extirpamos a única coisa que temos
Querendo justificar uma crença infame
Achando que o amor nos salvará
Falácia escandalosa
As premissas se unem e nos levam a uma ação
Praticada por nós, sujeitos
Metendo os pés pelo coração
Prevalecentes do nada pela razão
Tudo é puro detrimento, ilusão, divertimento
Dor consome sorridente
Cresce como fogo em vento
Não há o menor contento
Mas existe a compensação inútil de um momento
Sabemos, temos certeza: queremos muito mais
Merecemos a eternidade que a volatilidade nos traz
Incapazes de enxergar o próximo passo
Aprazamo-nos com migalhas
Tornamo-nos magros, fracos, derrotados
O outro, diabo, parece rir de nossa cara
Ali, desesperados, despreparados, desalmados, ajoelhados
Regurgitamos farpas de sutileza
Tentando mostrar uma beleza sumida a muito
Endeusando coisa que já fomos
Deveríamos nesta hora abrupta
Parar, pensar e parar
Se aspiramos o forte, belo e potente
Não seremos objetos do amar
Quando refeitos no reverso de nosso buscar
Insistimos, vadios e doentes em transferir
Imputamos ao outro aquilo que sonhamos e somos
Por pura falta de coragem
Pela gigantesca e reprovável insistente covardia
Pela vergonha em ser simplesmente melhor
Sejamos aquele que suscita desejo
Responsáveis pela felicidade alheia
Epicentro vivo e mutante dos delírios externos
Confiantes, confiáveis e apaixonantes
Donos da própria vida, imbuídos de vontade
Auto-estima estratosférica
Confiança inabalável
Atitude incontestável
Sentimento imensurável
Leveza de um soprar de velas
Que escurece o ambiente quando se apagam
Igualando todos os presentes
Na escuridão da mesmice somos idênticos
Nem a diferença é diferente
Graças ao amor cego, verdadeiro, que apenas sente
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