11.7.05

Refletindo

Duvido realmente se todos têm noção do que fazem
Através das palavras, das atitudes
Dos conselhos que proferem e proliferam
Das virtudes cambetas que tanto veneram

Ignoro se tem certeza sobre o que querem

Tanta diferença pelo caminho
O movimento da boca é totalmente disforme
A compensação do corpo não combina
O equilíbrio ínfimo sequer rima

Continuam porém exercendo caridade

Como se estivesse tudo correto
Parecendo que o mundo ao redor errasse sempre
Como se precisasse do detalhe salvador
Do toque edificante contido em seus ideais inalcançáveis

Filosofia própria que revolucionaria o mundo

Continuo irritado quanto a sua necessidade
Desconheço o limite da bondade descomprometida
Onde ela esbarra na troca
Quando ela mostra-se um gesto de desapego

Fazem mesmo por puro contentamento alheio?

Cada vez que me pergunto
Respondo mais e sempre por mim
Egoísta e míope
Não miro ou almejo soluções para ninguém

Dou forma à argila da verdade em comunhão

Quero as impressões digitais das nossas ajudas
Simbiose dos impérios de entendimento
Aprender em conjunto
Tocando a pele do desconhecido para saber diferenciar da minha

Ser o diferente que você conhece

Preciso da permissão solene de seu desejo
Para simplesmente ficar perto
Ou longe o suficiente
Para ser percebido

No exato tempo para ser querido

Que eu seja rude o suficiente
Sutil o necessário
Eloqüente o quanto possível
Silencioso como sensível

Deixe-me ser imprescindível

Carinho de seu afago
Pele do seu toque
Calor da sua carne
Saudade do seu amor

Esquecimento vivo de suas lembranças mortas

Faz de mim extensão de seu querer
Use com toda vontade e necessidade
De utilidade a esta vida que deve ir além
Disponha da força que você não tem

Que eu seja sua ferramenta

Porém, venha de você a força
O ímpeto, o impulso: a confiança
Imagine o prazer imensurável
De ser meio dos seus fins

Ser caminho de suas pegadas

Seria até fácil colocar-te no colo
Pedir licença às dificuldades
Saltar pedras e descaminhos
Facilitar o encontro com seus sonhos

Mas a vida não seria a sua

Estaria invadindo um local santo
Altar impenetrável e inalienável
Indisponível pela própria natureza
Exposto a qualquer reles incerteza

Ainda assim, intrínseco e indisponível

Seu querer é impenetrável
União indissolúvel daquilo que se sabe com o que se sente
Aquela impressão de poder absoluto
Potencialidade de conquistas infinita

Palpável e alcançável pela aproximação do tentar

Que pode ser e,por vezes muitas, será
Dolorido, torturante e lacerante
Deixando marcas e certos sorrisos
E uma certeza aterradora:

Somos mais capazes, fortes e vorazes que imaginávamos

Desde o último golpe que levamos
Do lamento que deixamos escapar
Da última dor pensada impossível de aturar
Daquele derradeiro suspiro da desistência que não veio

Percebemos que continuamos

Transpondo os perigos e problemas do dia-a-dia
Buscando, até inconscientemente, desafios maiores
Alguns grandes demais para nossas forças
Justamente nestes ganhamos mais

Pedindo ou aceitando ajuda

Que se obtém e mantém baseada na confiança
Estendendo-se pela esperança
Assegurada por nada
Pois nada garante que ela irá funcionar

Não esqueçamos que viemos tentar

Cada um a seu modo
De seu único e exclusivo jeito
Sem pretensão de ser a verdade
Isento da empáfia de ser perfeito

Preciso de ajuda, posso ajudar?

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