6.3.05

Saudade

Um motivo era tudo que eu queria agora
Pra poder justificar sua ausência
Pra não sentir a dor tão densa
Que a saudade teima em transformar-te presença

Saudade tem o dom, a manha de fazer isso
Pega todo aquele vazio e solidifica, no meio do peito
E com esse peso no coração, na há quem resista
Me dobro em joelhos e olhos da chuva são espelhos,
dos meus sentimentos, visita

Me entrego em chorar

Copiosa e ardentemente
As águas que jorram dos olhos não tem tanta força
Se a razão dos meus sentidos não consegue
Quem dirá esta água, pura e calma que segue

Não encontrei ainda nada mais forte que ele

E por mais que este amor me doa
Por mais que se sofra sentir
Ínfimo instante de sua pessoa
Conseguem fazer que eu queira permitir

O ter você em cascalhos
Sutil e limitada ao tempo de orvalho
Corta a carne e inflama
Mas, e, sou, em doença, quem ama

Amo você, Criatura
Minha dor,
Meu amor
Minha cura

Mulher que em corpo me invade
Sou o homem do teu corpo em verdade
E a cada essência que ao outro evade
Fica um querer maior que corrói em saudade

Desdenho do tempo
Ignoro os sentidos
Desejo seus sonhos
Queria em todos ter sido

Seu.

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