Por favor, não me escoltem ainda
Preciso e quero terminar muitas coisas
Devo e posso começar infinitas algumas
Necessito permanecer na imperfeição da minha vida
Para que eu viva tentando acertar sempre
Redesmontando velhas e novas indescobertas
Fazendo valer a pena cada segundo que se ganha
Quando não perdemos tempo planejando sonhos
Gastando momentos grandiosos construindo objetivos
Sendo aquilo que não temos e ainda assim dispormos dele
Absorver toda a intensidade perdida
Nas coisas que se pode conter
Conhecer a noção de limite
Residente em cada impossível que se apresenta
Parar o tudo e começar a fazer o nada
Este contrário vazio incontável e imensurável
Oposto do que o existente pode ser
Intrigantemente denotativo de ausência
Faz-se insuportável quando é tudo que se tem
Deixem que eu erre mais e incessantemente
Que seja desculpa pra minha permanência
Motivo da falta de ausência
Se olharmos com eficiência
Repararemos que difere e muito de presença
Relação estreita com o verbo querer
Estar tátil, concreto é muito simples, direto
Qualidade inerente também ao objeto
Inanimado e sem vontade
Escravo de anseio alheio
Entregue a todo tolo ato de quantidade
Desprezo ser mais um
Sou o querer ser eu
Único e indescritível
Simples e não simplório; indefinível
Manter-me o seu que meu eu lhe deu
Amar a incogitabilidade de estar distante
Gostar do que sinto quando lhe sinto a cada instante
Normal, comum e natural
Porém indispensável, insubstituível e importante
Personificar o seu daqui por diante
Mendigo da própria vida atemporal e aviltante
Peço esmolas em esquinas errantes, berrantes, inconstantes
Desprovidas do encontro de duas ruas
Que se cruzam feito almas nuas, cruas, ofegantes
Escandalosamente desavergonhadas e delirantes
Pois minha carne não agrada
Minhas roupas desmentem a intenção residente
O coração que apaixonado chama
É o mesmo que chora apavorado
Sobre o colchão de mágoas e um frio cortante de estrelas
Brilhantes, cintilantes, instigantes
Não passam disso
Espelhos falaciosos de uma luz velha e distante
Como sua imagem refletida no vácuo de minha saudade
Lembrança intrapessoal de universos inconquistáveis
Farrapo maltrapilho envolvido em trapos
Cabelo desgrenhado, sujo, ensebado
Pés no asfalto olhar no alto
Unhas grades por único motivo
Extensões de mim buscando você
Qualquer coisa que aproxime
Sombras doces que iluminem
Dois olhos perdulários e inquietos
Estaticamente ágeis a ver
Mais um milagre acontecer
Recebo mais um milagre
Retiro as mãos dos bolsos da esperança
Acordo outro dia em minha boca
Pego carona na carruagem mágica da verdade
O desperdício é vicio do excesso
Quero que tudo em minha vida exacerbe
Frutificando abundantemente
Para que eu saiba doar de bom grado
Toda vez que a vida desfavorecer
Lembrar do tempo em que estive sentado
Olhando para cima
Mãos espalmadas
Suplicando humilde a possibilidade da sua vontade
De mais um dia ao menos
Nem que fosse pra sentir saudade
28.6.05
23.6.05
Destinatário: Eu
Assusta a incapacidade de ser capaz
Teimosia de fazer de tudo para não fazer
Encostar a vida na vida alheia
Como se fosse permitido sorver a energia dos outros
Como vampiros de vontade
Sugando a seiva santa do querer
Residente em esforços que se esforçam
Em corpos que se cansam pelo cansaço justo
De terem feito tudo à exaustão
Por desejarem ir até o fim
Que não é e nem deveria ser
Um simples desfecho comum
Exacerba esta mera percepção física do ato
Fim é a certeza do novo recomeço
Aquele suspiro fundo, precioso; profundo
Como o mergulho delicioso que o sucede
Um vôo alucinante de asas abertas
Flertando com um céu de cor indescritível
Pois de olhos fechados não se teme a queda
Queremos apenas a sensação libertadora de cair
Se for num colo hábil e caridoso
Haverá conforto e aconchego
Um cheiro gostoso no pescoço
Cafuné demorado e um chamego
Despreze outra coisa
Querer as boas situações da vida não é proibido
Parece intocável, descabido
Quase um pecado oferecido
Quando felicidade é mais pertinente que a própria vida
Queira todas as coisas boas que o mundo oferecer
Sem ser promiscuo ou deliberado
Liberto sem libertinagem ; concentrado
Com cuidado, mas sem ter medo
Saber parar sem ficar paralisado
Buscando o equilíbrio satisfatório da satisfação
Extrair o máximo das pessoas e momentos
Sem, portanto ou contanto, usurpá-las
Certas vezes pedir um pouco mais, descaradamente
Em outras ser duro, sincero e com candura
Ser aquilo que todos sonham ser
Erramos quando elegemos um exemplo
Um ser divino que mora fora
Instante único que não demora
Alegria falsa que nunca chora
Achamos sempre que este outro não somos nós
Note a completa idiotice
Doar sua vontade a qualquer eleito
Que por mais bem intencionado que seja
Nunca alcançara o seu efeito
Inexiste alguém que melhor nos conheça
Sejamos domadores dos ímpetos que impulsionam
Responsáveis pelas verdades que construímos
Sujeitos das mentiras que contamos
Donos irrestritos da vida que cuidamos
Acordemos para a feroz e absurda realidade
Escondemo-nos tanto de nós mesmos
Fugimos o tempo todo deste desconhecido
Tememos incessantemente
Algo completa e absolutamente indolor
Feito palhaços vestidos de carrascos
Desperdiçando todo o preparo dispensado
Pintamos o rosto
Desenhamos sorriso
Calçamos esperança
Para depois vestirmos capuz e manto
Falsários por trás das ordens de um rei sujo
Que sequer macula suas mãos
Assépticas de suas tiranias sórdidas
Personificadas no açoite de nossas forças
Castigamos como se fossemos os próprios
Lavo meu rosto no espelho da minha vida
Enxergo um homem normal e feliz
Que tirou do carrasco o capuz
Do palhaço o nariz
Mantenho da maquiagem o sorriso que com minha alma condiz
Teimosia de fazer de tudo para não fazer
Encostar a vida na vida alheia
Como se fosse permitido sorver a energia dos outros
Como vampiros de vontade
Sugando a seiva santa do querer
Residente em esforços que se esforçam
Em corpos que se cansam pelo cansaço justo
De terem feito tudo à exaustão
Por desejarem ir até o fim
Que não é e nem deveria ser
Um simples desfecho comum
Exacerba esta mera percepção física do ato
Fim é a certeza do novo recomeço
Aquele suspiro fundo, precioso; profundo
Como o mergulho delicioso que o sucede
Um vôo alucinante de asas abertas
Flertando com um céu de cor indescritível
Pois de olhos fechados não se teme a queda
Queremos apenas a sensação libertadora de cair
Se for num colo hábil e caridoso
Haverá conforto e aconchego
Um cheiro gostoso no pescoço
Cafuné demorado e um chamego
Despreze outra coisa
Querer as boas situações da vida não é proibido
Parece intocável, descabido
Quase um pecado oferecido
Quando felicidade é mais pertinente que a própria vida
Queira todas as coisas boas que o mundo oferecer
Sem ser promiscuo ou deliberado
Liberto sem libertinagem ; concentrado
Com cuidado, mas sem ter medo
Saber parar sem ficar paralisado
Buscando o equilíbrio satisfatório da satisfação
Extrair o máximo das pessoas e momentos
Sem, portanto ou contanto, usurpá-las
Certas vezes pedir um pouco mais, descaradamente
Em outras ser duro, sincero e com candura
Ser aquilo que todos sonham ser
Erramos quando elegemos um exemplo
Um ser divino que mora fora
Instante único que não demora
Alegria falsa que nunca chora
Achamos sempre que este outro não somos nós
Note a completa idiotice
Doar sua vontade a qualquer eleito
Que por mais bem intencionado que seja
Nunca alcançara o seu efeito
Inexiste alguém que melhor nos conheça
Sejamos domadores dos ímpetos que impulsionam
Responsáveis pelas verdades que construímos
Sujeitos das mentiras que contamos
Donos irrestritos da vida que cuidamos
Acordemos para a feroz e absurda realidade
Escondemo-nos tanto de nós mesmos
Fugimos o tempo todo deste desconhecido
Tememos incessantemente
Algo completa e absolutamente indolor
Feito palhaços vestidos de carrascos
Desperdiçando todo o preparo dispensado
Pintamos o rosto
Desenhamos sorriso
Calçamos esperança
Para depois vestirmos capuz e manto
Falsários por trás das ordens de um rei sujo
Que sequer macula suas mãos
Assépticas de suas tiranias sórdidas
Personificadas no açoite de nossas forças
Castigamos como se fossemos os próprios
Lavo meu rosto no espelho da minha vida
Enxergo um homem normal e feliz
Que tirou do carrasco o capuz
Do palhaço o nariz
Mantenho da maquiagem o sorriso que com minha alma condiz
20.6.05
Olhando
O céu magnífico
Diante da minha capacidade de ser ínfimo
Contemplo a beleza do saber ser simples
Complexa maestria entre brancos, terras e tons de azul
Extasiado frente tanta perfeição
Perco tempo na maioria dele
Preocupado em estar mais
Perecer melhor
Mostrar-me sempre perceptível e sedutor
Quando deveria apenas ser
Tantos exemplos das boas atitudes
Inúmeras amostras de como não errar
Passeios completos de idas e voltas
Certeza certeira de não precisar voltar
Tudo ao alcance da sensibilidade
Realmente maravilhoso
Quando atentamos para o outro
Descoberta genial perceber
Que os outros nos ouvem atenciosamente
Se vamos além do nosso próprio universo
Tomando quem nos cerca como um complemento
Querendo dele o que nos falta
Por vezes o que, talvez, nunca teremos
Algo que não nos faz parte
Justo por esta natureza não invejaremos
Diga o quanto é admirável
Quanto bem aquilo lhe trás
Como a presença alheia satisfaz
Perfazendo o mundo que desejamos
Bem ali, ou aqui, logo após nossa ausência de ignorância
Peito exposto, amor aberto
Não queira longe; seja perto
Ente multiplicador de carinho
Colha sementes de fruto certo
Mostre-se dentro, porem liberto
Contemple o seu que te amanhece
Note a grandiosidade de cada detalhe
Particularidades de cada alma
Vontades de toda gente
Embutidas em corpos que se confundem
Propositalmente semelhantes
Para que se chegue bem mais perto
Pois só assim é possível distinguir
Os amigos, os amantes e os afetos
Desta distancia nada é como antes
A mesmice agora é diferente
Aquele que lhe é único: seu presente
Sentirá que tudo é mero nada
Quando este novo ser lhe for ausente
Anoitece nubladamente a cada despedida
Não há luas que reflitam resquícios daquele sol
Apenas o azul nigérrimo e absoluto
Cegueira inversa que penetra; um vulto
Quietude escandalosa que abafa qualquer tumulto
Alegria que na sua ausência veste luto
Sensação de morte corriqueira
Traz a vida de qualquer maneira
Próxima: coração forte
Longe; eterno corte
Ficando: gozo e sorte
Em merecer sua diferença
Dar minha presença
Negar sua ausência
Compartilhar nossa querência
Ser seu eu que te penetra
O diferente que você procura
Conhecido íntimo que não tem nome
Que junto lhe preenche
Distante lhe consome
Marca sutil que jamais some
Ao seu lado piso as terras
Venero o céu singular de brancos e tons de azul
Mas já não sou tão mínimo
Nem universo distante algum
Sou seu amor e mais nenhum
Diante da minha capacidade de ser ínfimo
Contemplo a beleza do saber ser simples
Complexa maestria entre brancos, terras e tons de azul
Extasiado frente tanta perfeição
Perco tempo na maioria dele
Preocupado em estar mais
Perecer melhor
Mostrar-me sempre perceptível e sedutor
Quando deveria apenas ser
Tantos exemplos das boas atitudes
Inúmeras amostras de como não errar
Passeios completos de idas e voltas
Certeza certeira de não precisar voltar
Tudo ao alcance da sensibilidade
Realmente maravilhoso
Quando atentamos para o outro
Descoberta genial perceber
Que os outros nos ouvem atenciosamente
Se vamos além do nosso próprio universo
Tomando quem nos cerca como um complemento
Querendo dele o que nos falta
Por vezes o que, talvez, nunca teremos
Algo que não nos faz parte
Justo por esta natureza não invejaremos
Diga o quanto é admirável
Quanto bem aquilo lhe trás
Como a presença alheia satisfaz
Perfazendo o mundo que desejamos
Bem ali, ou aqui, logo após nossa ausência de ignorância
Peito exposto, amor aberto
Não queira longe; seja perto
Ente multiplicador de carinho
Colha sementes de fruto certo
Mostre-se dentro, porem liberto
Contemple o seu que te amanhece
Note a grandiosidade de cada detalhe
Particularidades de cada alma
Vontades de toda gente
Embutidas em corpos que se confundem
Propositalmente semelhantes
Para que se chegue bem mais perto
Pois só assim é possível distinguir
Os amigos, os amantes e os afetos
Desta distancia nada é como antes
A mesmice agora é diferente
Aquele que lhe é único: seu presente
Sentirá que tudo é mero nada
Quando este novo ser lhe for ausente
Anoitece nubladamente a cada despedida
Não há luas que reflitam resquícios daquele sol
Apenas o azul nigérrimo e absoluto
Cegueira inversa que penetra; um vulto
Quietude escandalosa que abafa qualquer tumulto
Alegria que na sua ausência veste luto
Sensação de morte corriqueira
Traz a vida de qualquer maneira
Próxima: coração forte
Longe; eterno corte
Ficando: gozo e sorte
Em merecer sua diferença
Dar minha presença
Negar sua ausência
Compartilhar nossa querência
Ser seu eu que te penetra
O diferente que você procura
Conhecido íntimo que não tem nome
Que junto lhe preenche
Distante lhe consome
Marca sutil que jamais some
Ao seu lado piso as terras
Venero o céu singular de brancos e tons de azul
Mas já não sou tão mínimo
Nem universo distante algum
Sou seu amor e mais nenhum
14.6.05
Quimera
Vontade de vomitar tudo na sua cara escrota
Botar para fora a podridão que me faz carregar
Extirpar os dentes de sua boca fétida e inflamada
Escarrar toda minha doença na sua garganta
Fazer com que sinta seu amargo inútil
Pendurar de cabeça para baixo
Rodar, rodar, rodar e rodar
Esmurrar sua face idiota e babaca
Ver seu sangue escorrer pelos cabelos
Surrar até que peça arrego
Depois de disforme e dolorida
Chutar seu corpo vazio, imundo: vadio
Quebrar algumas de suas costelas magras e desprezíveis
Perfurar seu pulmão negro e moribundo
Pra que golfe napos de órgãos
Depois de reduzida a porra nenhuma
Partir suas pernas horrorosas, varizentas
Mostrar o quanto bisonha se apresenta
Levantar no colo só para ver cair de novo
Mais uma vez, e outra e uma seguida
Furar seus tímpanos asquerosos
Para impossibilitá-la de escutar
Urros de dor que estão por vir
Saiba que vai sofrer muito
Antes de morrer sangrando feito um porco
Dedos esfacelados um a um
Nunca mais tocará minha carne pura
Pisões únicos, singulares; particulares
Dor em mínimos detalhes
Sofra bastante filha da puta
Não terá chance para porra nenhuma
Sua língua desfigurada em aftas
Jaz pulsante em minha boca
Encapsulada nas frestas dos meus dentes
Afiados e fortes pra caralho
Grita agora figura purulenta
Saltite feito bobo da corte em minha frente
Flerta com a minha alegria ausente
Deixa mais um sonho meu dormindo
Meu novo nome: pesadelo
Sinta como é duro este chão
Quando sua cabeça é arremessada contra ele
Perceba o estilhaçar dos ossos de seu crânio
Mas não desmaie ainda
Não quero que sinta qualquer alívio
Fica maravilhosa assim
Com o semblante de coisa morta
Este nariz rompido, afogado em seu catarro
Que escorre em tons fascinantes de vermelho
Dizendo a todo instante: não pare
Pra que rastejar feito um verme que não é
Eles não merecem tal comparação
São infinitos melhores que você
Sossegarei seus braços suplicantes
Fraturas expostas são divinamente realizadoras
Sequer cogite pedir perdão
Não pode nem escutá-lo
Mesmo que eu quisesse dá-lo
Entende agora a sensação de beco sem saída?
Quero que você se foda
Participarei porém
Não gozará este momento sozinha
Nunca lhe quis tanto
Contemple a aptidão física de meu desejo
Apenas olhe, pois é a única coisa que pode fazer
Rasgo cada trapo de suas vestes de gala
Embevecidas num suor que cheira a ferrugem
Abro seus arremedos de pernas
Para penetrar-lhe carinhosamente
Quero introduzir minha vida em seu ser
Deitado sobre seus restos que padecem
Aproveito cada instante deste prazer inigualável
Suspeitava que seria grandioso
Mas superou todas as expectativas
Estupro seu corpo e mente
Bom poder morder e arrancar aquele pedaço
Indescritível enfiar as unhas
Sentir sua fibra lacerar
Apertar até romper os capilares
Deixar hematomas em todo lugar
Pensei que fosse querer participar
Escolher uma posição que gosta mais
Nem gemer consegue
Sem possibilidades de ficar de joelhos
Agora deixará de ver
Empurro seu olhos pra dentro com fúria
Transo seu corpo em total luxuria
Bicho incontrolável e surdo
Alheio a qualquer lamúria
Jorro vida em sua eminente morte
Você sorri este aborto
Encontra beleza neste coito infernal
Alegria onde só deveria doer
Felicidade quando devia morrer
Tudo é apenas banal
Foi surrada, mal tratada, torturada
Mas gargalha da sorte; namora a morte
Infeliz, miserável e desgraçada
Falece indigente, um mero borrão
Sei que renasce, pois é solidão
Botar para fora a podridão que me faz carregar
Extirpar os dentes de sua boca fétida e inflamada
Escarrar toda minha doença na sua garganta
Fazer com que sinta seu amargo inútil
Pendurar de cabeça para baixo
Rodar, rodar, rodar e rodar
Esmurrar sua face idiota e babaca
Ver seu sangue escorrer pelos cabelos
Surrar até que peça arrego
Depois de disforme e dolorida
Chutar seu corpo vazio, imundo: vadio
Quebrar algumas de suas costelas magras e desprezíveis
Perfurar seu pulmão negro e moribundo
Pra que golfe napos de órgãos
Depois de reduzida a porra nenhuma
Partir suas pernas horrorosas, varizentas
Mostrar o quanto bisonha se apresenta
Levantar no colo só para ver cair de novo
Mais uma vez, e outra e uma seguida
Furar seus tímpanos asquerosos
Para impossibilitá-la de escutar
Urros de dor que estão por vir
Saiba que vai sofrer muito
Antes de morrer sangrando feito um porco
Dedos esfacelados um a um
Nunca mais tocará minha carne pura
Pisões únicos, singulares; particulares
Dor em mínimos detalhes
Sofra bastante filha da puta
Não terá chance para porra nenhuma
Sua língua desfigurada em aftas
Jaz pulsante em minha boca
Encapsulada nas frestas dos meus dentes
Afiados e fortes pra caralho
Grita agora figura purulenta
Saltite feito bobo da corte em minha frente
Flerta com a minha alegria ausente
Deixa mais um sonho meu dormindo
Meu novo nome: pesadelo
Sinta como é duro este chão
Quando sua cabeça é arremessada contra ele
Perceba o estilhaçar dos ossos de seu crânio
Mas não desmaie ainda
Não quero que sinta qualquer alívio
Fica maravilhosa assim
Com o semblante de coisa morta
Este nariz rompido, afogado em seu catarro
Que escorre em tons fascinantes de vermelho
Dizendo a todo instante: não pare
Pra que rastejar feito um verme que não é
Eles não merecem tal comparação
São infinitos melhores que você
Sossegarei seus braços suplicantes
Fraturas expostas são divinamente realizadoras
Sequer cogite pedir perdão
Não pode nem escutá-lo
Mesmo que eu quisesse dá-lo
Entende agora a sensação de beco sem saída?
Quero que você se foda
Participarei porém
Não gozará este momento sozinha
Nunca lhe quis tanto
Contemple a aptidão física de meu desejo
Apenas olhe, pois é a única coisa que pode fazer
Rasgo cada trapo de suas vestes de gala
Embevecidas num suor que cheira a ferrugem
Abro seus arremedos de pernas
Para penetrar-lhe carinhosamente
Quero introduzir minha vida em seu ser
Deitado sobre seus restos que padecem
Aproveito cada instante deste prazer inigualável
Suspeitava que seria grandioso
Mas superou todas as expectativas
Estupro seu corpo e mente
Bom poder morder e arrancar aquele pedaço
Indescritível enfiar as unhas
Sentir sua fibra lacerar
Apertar até romper os capilares
Deixar hematomas em todo lugar
Pensei que fosse querer participar
Escolher uma posição que gosta mais
Nem gemer consegue
Sem possibilidades de ficar de joelhos
Agora deixará de ver
Empurro seu olhos pra dentro com fúria
Transo seu corpo em total luxuria
Bicho incontrolável e surdo
Alheio a qualquer lamúria
Jorro vida em sua eminente morte
Você sorri este aborto
Encontra beleza neste coito infernal
Alegria onde só deveria doer
Felicidade quando devia morrer
Tudo é apenas banal
Foi surrada, mal tratada, torturada
Mas gargalha da sorte; namora a morte
Infeliz, miserável e desgraçada
Falece indigente, um mero borrão
Sei que renasce, pois é solidão
10.6.05
Saindo
Dispa-se
Deixe esta pano escorregar por sua presença
Tire esta roupa íntima
Revele toda sua intimidade
Vista-se desta água quente que expõe seu corpo
O vapor faz seu olhar rutilar
Adoro a leveza sublime de sua silhueta única
Perfeição de curvas retas
Sempre o menor caminho
Entre meu desejo e toda sua carne
Seus poros abertos, sensíveis, visíveis
Cabelo e rosto molhados, ilhados
Sensualidade arrebatadora e calma
Meus olhos vidrados
Seu ser cercado do meu por todos os lados
Mão percorre próprio corpo
Seguindo um rito perfeito
Espalhando seu colorido pleno
Por seios, coxas e umbigo
Tanto carinho denota o perigo
A alvura do algodão acolhedor
Enxugará a pureza do banho
Mas não levará nada de sua beleza
Esfoliará sua pele apenas
Impregnando o ar com todo seu perfume
Que se espalha por minha cabeça
Toma conta de meus pensamentos
Transformando a realidade simples do ato
Numa implicância incessante
Quase um mal-trato
A nudez é seu melhor traje
Por saber disso instiga, fustiga
Antes de cair, a toalha sortuda se agarra
Livre de qualquer amarra
Nua em pelo de novo
Um dos pés sobre a cama
O dorso elevado
Janela ao fundo aberta
E a lua cheia é nada
Comparada a sua capacidade de ser bela
Desimporta a roupa que porá
Mas sabe que fica linda de preto
Realça seus olhos marcados
A vida em festa que vive em você
Intensifica o brilho da sua pele lisa
Os adornos são realmente bonitos
Tentam em vão executar missão ingrata
Vai ser impossível
Desviar a atenção do conjunto majestoso
Fica irresistível somente de sandálias e brincos
Usa uma sombra leve
Lápis para avisar
Que é melhor não se descuidar muito
Há fogo neste lugar
Ofego por me queimar
Como se não bastasse
Quase como uma louca
Tira o brilho da bolsa
Espalha por toda a boca
Amanheça meus lábios noturnos com esta luz
Sabe que já não agüento mais esperar
Em frente ao espelho
Um dedo indica
Que devo me aproximar
Mestra na arte de desconcertar
O toque conhecido é sempre surpreendente
O cheiro, quase infame, contundente
O pescoço forte, firme, aparente
Vontade imensa de fincar meus dentes
Quando sou invadido por um olhar
Tudo o que sente é meu
Nada do que vê é seu lugar
Aquilo que ninguém pode possuir
É justo o que quero lha dar
Vestindo para se desnudar
Um abraço por trás carinhoso
Momento tranqüilo, gostoso
Suspiramos felizes, leves no ar
Já não falta nada, está tudo pronto
Daqui não podemos voltar
Fecho todas as portas
Apago as luzes do quarto
Deixo o silencio entrar
Pego as chaves do carro
Aonde vamos jantar?
Deixe esta pano escorregar por sua presença
Tire esta roupa íntima
Revele toda sua intimidade
Vista-se desta água quente que expõe seu corpo
O vapor faz seu olhar rutilar
Adoro a leveza sublime de sua silhueta única
Perfeição de curvas retas
Sempre o menor caminho
Entre meu desejo e toda sua carne
Seus poros abertos, sensíveis, visíveis
Cabelo e rosto molhados, ilhados
Sensualidade arrebatadora e calma
Meus olhos vidrados
Seu ser cercado do meu por todos os lados
Mão percorre próprio corpo
Seguindo um rito perfeito
Espalhando seu colorido pleno
Por seios, coxas e umbigo
Tanto carinho denota o perigo
A alvura do algodão acolhedor
Enxugará a pureza do banho
Mas não levará nada de sua beleza
Esfoliará sua pele apenas
Impregnando o ar com todo seu perfume
Que se espalha por minha cabeça
Toma conta de meus pensamentos
Transformando a realidade simples do ato
Numa implicância incessante
Quase um mal-trato
A nudez é seu melhor traje
Por saber disso instiga, fustiga
Antes de cair, a toalha sortuda se agarra
Livre de qualquer amarra
Nua em pelo de novo
Um dos pés sobre a cama
O dorso elevado
Janela ao fundo aberta
E a lua cheia é nada
Comparada a sua capacidade de ser bela
Desimporta a roupa que porá
Mas sabe que fica linda de preto
Realça seus olhos marcados
A vida em festa que vive em você
Intensifica o brilho da sua pele lisa
Os adornos são realmente bonitos
Tentam em vão executar missão ingrata
Vai ser impossível
Desviar a atenção do conjunto majestoso
Fica irresistível somente de sandálias e brincos
Usa uma sombra leve
Lápis para avisar
Que é melhor não se descuidar muito
Há fogo neste lugar
Ofego por me queimar
Como se não bastasse
Quase como uma louca
Tira o brilho da bolsa
Espalha por toda a boca
Amanheça meus lábios noturnos com esta luz
Sabe que já não agüento mais esperar
Em frente ao espelho
Um dedo indica
Que devo me aproximar
Mestra na arte de desconcertar
O toque conhecido é sempre surpreendente
O cheiro, quase infame, contundente
O pescoço forte, firme, aparente
Vontade imensa de fincar meus dentes
Quando sou invadido por um olhar
Tudo o que sente é meu
Nada do que vê é seu lugar
Aquilo que ninguém pode possuir
É justo o que quero lha dar
Vestindo para se desnudar
Um abraço por trás carinhoso
Momento tranqüilo, gostoso
Suspiramos felizes, leves no ar
Já não falta nada, está tudo pronto
Daqui não podemos voltar
Fecho todas as portas
Apago as luzes do quarto
Deixo o silencio entrar
Pego as chaves do carro
Aonde vamos jantar?
8.6.05
Uivantes
Fala brincando como se fosse possível
Tarefa que se dá a crianças para executar
Coisa que se resolve num piscar de olhos
Num balançar de folhas com o vento
O que nos une é maior, exige cuidado
Muitos querem ter e não conseguem
Fazem força, simulam, intitulam: inferem
Mas estão longe de sentir
Fazem apenas iludir e mentir
Sinto você como se fosse perto
Desconheço as linhas que nos dividem
As peças que nos desmontam
Histórias que não nos contam
Limites que não me limito ter
Nada faz existir o distante
Quero sempre mais
Por desejar querer, tentar
Um tom vermelho sangue
Que nos faz viver, chamar: pulsar
Sequer cogite esquecimentos
Faço palavras para sua capacidade de ler
Juntando em frases pro seu tino de entender
Construo imagens no seu apreender
Para que me prenda junto a você
Nas entrelinhas, que me carregue, me enxergue: descubra
Inunde, veleje, navegue
Com seu desejo, nos dentes cerrados; me pegue
Sendo bom, convide e me leve
Serei querido, contido e entregue
Sua vontade não há quem negue
Além do que eu possa representar
Dos sentimentos que venha a despertar
Prende-me seu apego, seu pacífico desassossego
Suas palavras braços destronando medos
Seu jeito completamente conquistador
Segurança no que acredita
Crença no que faz
Uma força que extrapola meios
Destes cantos digitais
Esta vontade enorme de concertar o mundo
Acabou me acertando
Foi entrando e me levando
Se entregando e me roubando
Brincando eu fui amando
Sem pedir eu fui ficando
Fui acolhido, observado: escolhido
Felicidade lhe falar e ser ouvido
Por isso não chore saudade
Pense em mim e esteja comigo
Impossível ter te esquecido
Muitas vezes quero estar a seu lado
Vontade de um abraço
Sentir de verdade estar perto
Unido como um laço
Distancia concreta e real
Compenso escolhendo minhas melhores falas
Para encontrá-la, poder dá-las
Como se através delas você me sentisse
Fazendo com que eu existisse
Sua aparição revela o acerto
Desejo um dia ficar bem perto
Sob a mesma chuva
Debaixo do mesmo teto
Ao alcance instantâneo
Do enorme e verdadeiro afeto
Tarefa que se dá a crianças para executar
Coisa que se resolve num piscar de olhos
Num balançar de folhas com o vento
O que nos une é maior, exige cuidado
Muitos querem ter e não conseguem
Fazem força, simulam, intitulam: inferem
Mas estão longe de sentir
Fazem apenas iludir e mentir
Sinto você como se fosse perto
Desconheço as linhas que nos dividem
As peças que nos desmontam
Histórias que não nos contam
Limites que não me limito ter
Nada faz existir o distante
Quero sempre mais
Por desejar querer, tentar
Um tom vermelho sangue
Que nos faz viver, chamar: pulsar
Sequer cogite esquecimentos
Faço palavras para sua capacidade de ler
Juntando em frases pro seu tino de entender
Construo imagens no seu apreender
Para que me prenda junto a você
Nas entrelinhas, que me carregue, me enxergue: descubra
Inunde, veleje, navegue
Com seu desejo, nos dentes cerrados; me pegue
Sendo bom, convide e me leve
Serei querido, contido e entregue
Sua vontade não há quem negue
Além do que eu possa representar
Dos sentimentos que venha a despertar
Prende-me seu apego, seu pacífico desassossego
Suas palavras braços destronando medos
Seu jeito completamente conquistador
Segurança no que acredita
Crença no que faz
Uma força que extrapola meios
Destes cantos digitais
Esta vontade enorme de concertar o mundo
Acabou me acertando
Foi entrando e me levando
Se entregando e me roubando
Brincando eu fui amando
Sem pedir eu fui ficando
Fui acolhido, observado: escolhido
Felicidade lhe falar e ser ouvido
Por isso não chore saudade
Pense em mim e esteja comigo
Impossível ter te esquecido
Muitas vezes quero estar a seu lado
Vontade de um abraço
Sentir de verdade estar perto
Unido como um laço
Distancia concreta e real
Compenso escolhendo minhas melhores falas
Para encontrá-la, poder dá-las
Como se através delas você me sentisse
Fazendo com que eu existisse
Sua aparição revela o acerto
Desejo um dia ficar bem perto
Sob a mesma chuva
Debaixo do mesmo teto
Ao alcance instantâneo
Do enorme e verdadeiro afeto
6.6.05
Menos Fácil
Se fizéssemos pelo que dizem
Pararíamos antes de começar
É tudo tão aterrador
Quando não sabem o que queremos
Farei sempre, por toda minha vida
Independente de adivinhar se melhora ou piora
Se rápido ou se demora
Faça com intuito de conseguir
Junta a força a vá embora
Saiba quando chegar a hora
Escutaremos várias verdades pelo trajeto
Muitos estarão errados, outros serão certos
Haverá dias duros e noites sem nenhum teto
Mantenhamos a esperança e todo resto
Pessoas nunca são objetos
Difícil descoisificar alguns que nos cercam
Complicado não retribuir a altura
Opte pela simplicidade complexa
De sabermos ser melhores ao lidar com piores
Não adianta doutrinar bestas feras com violência
Este é o linguajar delas
Devemos demonstrar segurança e poder
Mas é preciso ser gentil
Agir com extrema inteligência
Queremos que elas aprendam
Contrário de mostrar que sabemos ser menores
Que conseguimos maltratar
É fácil fazer errado, diminuir
O resultado é imediato
Crescer é lento, demorado, e só se percebe com o tempo
Tomaremos mordidas certamente
Será doloroso
Quereremos parar com tudo e desacreditar
Que não fomos capazes de domar aquele bicho revolto
Sem atenção miraremos errado mais uma vez
Ele é mesmo difícil, relutante, replicante
Chega a ser bruto, pontiagudo e ignorante
Capaz de destruir no intervalo de um instante
Ignorância parece nunca ser bastante
Aspiremos o bem-querer
Por sua vida, quando discordar de alguém
Ou do próprio mundo
Seja inteligente, delicado e sutil
Lembre como a beleza aproxima o desconhecido
Sorria ao estranho com sinceridade e paixão
Com amor pela vida, pelo outro
Que ser motivo de reconhecimento e aconchego
Seja um fato corriqueiro
Atitude de uma alma em desapego
Consigamos ser amáveis até para discordar
Que acordemos para o significado das palavras
Sem brigas, sem turras, sem pedras
Sem picardias, ardis e emboscadas
Façamos o possível para sermos supremos
Porém, que não subjuguemos
Que não sejamos retrógrados
Não aprisionando para libertar
Sem guerras para pacificar
Sem cruzes para exemplificar
Sem ódio para justificar o amar
Pararíamos antes de começar
É tudo tão aterrador
Quando não sabem o que queremos
Farei sempre, por toda minha vida
Independente de adivinhar se melhora ou piora
Se rápido ou se demora
Faça com intuito de conseguir
Junta a força a vá embora
Saiba quando chegar a hora
Escutaremos várias verdades pelo trajeto
Muitos estarão errados, outros serão certos
Haverá dias duros e noites sem nenhum teto
Mantenhamos a esperança e todo resto
Pessoas nunca são objetos
Difícil descoisificar alguns que nos cercam
Complicado não retribuir a altura
Opte pela simplicidade complexa
De sabermos ser melhores ao lidar com piores
Não adianta doutrinar bestas feras com violência
Este é o linguajar delas
Devemos demonstrar segurança e poder
Mas é preciso ser gentil
Agir com extrema inteligência
Queremos que elas aprendam
Contrário de mostrar que sabemos ser menores
Que conseguimos maltratar
É fácil fazer errado, diminuir
O resultado é imediato
Crescer é lento, demorado, e só se percebe com o tempo
Tomaremos mordidas certamente
Será doloroso
Quereremos parar com tudo e desacreditar
Que não fomos capazes de domar aquele bicho revolto
Sem atenção miraremos errado mais uma vez
Ele é mesmo difícil, relutante, replicante
Chega a ser bruto, pontiagudo e ignorante
Capaz de destruir no intervalo de um instante
Ignorância parece nunca ser bastante
Aspiremos o bem-querer
Por sua vida, quando discordar de alguém
Ou do próprio mundo
Seja inteligente, delicado e sutil
Lembre como a beleza aproxima o desconhecido
Sorria ao estranho com sinceridade e paixão
Com amor pela vida, pelo outro
Que ser motivo de reconhecimento e aconchego
Seja um fato corriqueiro
Atitude de uma alma em desapego
Consigamos ser amáveis até para discordar
Que acordemos para o significado das palavras
Sem brigas, sem turras, sem pedras
Sem picardias, ardis e emboscadas
Façamos o possível para sermos supremos
Porém, que não subjuguemos
Que não sejamos retrógrados
Não aprisionando para libertar
Sem guerras para pacificar
Sem cruzes para exemplificar
Sem ódio para justificar o amar
3.6.05
Sinestesia
Nem sei se eu mesmo entendo
Sei que sinto as coisas do mundo
Batendo em minhas palavras
Que saem com firmeza aterradora
Sei exatamente do que não estou falando
Os arrepios quentes descem pelo couro
Fazendo ouro das minhas extremidades em decimal
Estes dedos frágeis que tentam captar
Idéias ágeis que confundem minhas clarezas
Arrumo tudo em grupos de cinco linhas
A ordem dos acontecimentos
Deriva daquilo que absorvo ao meu redor
Por vezes me falta um langanho de escrita qualquer
Na maioria das vezes sobra a escassez do grafite
As rimas que fogem parecem mais belas que as ficantes
Quase prepotente invento palavras
Verbifico substantivos
Dou alma a coisas mortas
Enxergo vida na tristeza infinita de rompimentos errantes
Sensibilizo um pós no que era apenas antes
Este próprio, do que fala, não sei dizer
Fruto de um comentário carinhoso que pude ler
Não tenho a resposta que deveria
Dou-me a todos por minhas letras
Sou aqui descrito ao escrever
Se toco a muitos é porque fui tocado
Retribuo cada afeto, cada gesto, cada teto
Esforço-me para olhar no silêncio dos que apenas passam
O que faltou para que eles parassem
Comentando o que sentiram
Mas faço de forma igual
Por muitas leio com pleno respeito
Admiro, paro, reflito e respiro
Tomado por emoção contida sequer sugiro
Apenas adoro pois nelas creio
A invisibilidade das tormentas criadas
Esquentam minha cara calma
Rebatem em minhas dúvidas claras
Sacudindo uma estrutura maleável
Recebo cada idéia como um presente
Sou feliz por perceber
Que duvido de minha própria escrita
Achando que poderia ser refeito
Algo que para alguém foi perfeito
Acreditar que há outro jeito
Porem, em todas as minhas linhas
Há um desejo que sei de cor
Espero que todos queiram
Fazendo de si, seu mundo
Lugar feliz de tempo habitável e a cada dia um lugar melhor
Sei que sinto as coisas do mundo
Batendo em minhas palavras
Que saem com firmeza aterradora
Sei exatamente do que não estou falando
Os arrepios quentes descem pelo couro
Fazendo ouro das minhas extremidades em decimal
Estes dedos frágeis que tentam captar
Idéias ágeis que confundem minhas clarezas
Arrumo tudo em grupos de cinco linhas
A ordem dos acontecimentos
Deriva daquilo que absorvo ao meu redor
Por vezes me falta um langanho de escrita qualquer
Na maioria das vezes sobra a escassez do grafite
As rimas que fogem parecem mais belas que as ficantes
Quase prepotente invento palavras
Verbifico substantivos
Dou alma a coisas mortas
Enxergo vida na tristeza infinita de rompimentos errantes
Sensibilizo um pós no que era apenas antes
Este próprio, do que fala, não sei dizer
Fruto de um comentário carinhoso que pude ler
Não tenho a resposta que deveria
Dou-me a todos por minhas letras
Sou aqui descrito ao escrever
Se toco a muitos é porque fui tocado
Retribuo cada afeto, cada gesto, cada teto
Esforço-me para olhar no silêncio dos que apenas passam
O que faltou para que eles parassem
Comentando o que sentiram
Mas faço de forma igual
Por muitas leio com pleno respeito
Admiro, paro, reflito e respiro
Tomado por emoção contida sequer sugiro
Apenas adoro pois nelas creio
A invisibilidade das tormentas criadas
Esquentam minha cara calma
Rebatem em minhas dúvidas claras
Sacudindo uma estrutura maleável
Recebo cada idéia como um presente
Sou feliz por perceber
Que duvido de minha própria escrita
Achando que poderia ser refeito
Algo que para alguém foi perfeito
Acreditar que há outro jeito
Porem, em todas as minhas linhas
Há um desejo que sei de cor
Espero que todos queiram
Fazendo de si, seu mundo
Lugar feliz de tempo habitável e a cada dia um lugar melhor
1.6.05
Cego de Visão
A magreza consumia-lhe, faminta
Como se quisesse roubar seus ossos
Pois já não havia carne alguma
Só o esboço, um croqui, bisonho, em pelancas
Não havia traço do que poderia ter sido
Desconhecido o motivo da derrocada
Incerto também se existe crise
Naquela visão triste
Vida esvaindo e morte em riste
Expondo a todos aquele espetáculo
Sem saúde, sem beleza, sem virtude
Entregou-se a pista perigosa
Procurou paz num carro apressado qualquer
Queria privar os expectadores da aterradora visão
Mas há cegos pelo caminho
Que têm o sentir como profissão
Enxergam além dos puros olhares
Mergulham na feiúra volátil das estampas
Respirando a beleza esquecida em farrapos de vida
Aspiram o bem de quem já não o tem
Seria mais uma vítima do excesso de azar
Mais uma culpada pela fraqueza da sorte
Há existências dignas de pena
Reais merecedoras da morte
Trabalham os cegos
Repletos de autoridade imobilizam a via mortal
Chegam reforços na viatura flamejante
Munidos da parafernália necessária
Que cessará o tumulto causado
O silêncio toma conta do lugar
Saem os cegos com seus escudos de espelho
Abrem um clarão em volta daquele arremedo de vida
Que desanimado se entrega ao conforto áspero do chão
Suplicante por um fim indolor, eficaz e voraz
O circulo de reflexos mostra opções
Variadas, boas e perturbadoras
Umas infinitamente piores que o agora
Algumas melhores que os mais lindos sonhos
Um único espaço vazio e a via vazia ao longe
Nossa amiga abatida resolve levantar
Descobriu que ainda havia força para mais alguns passos
Que se quisesse conseguiria andar
Desdenhou dos infortúnios e glórias das imagens
Resolveu caminhar
Descobriu que sabia enxergar
Cambaleante e feliz dava passos fracos
Imponentes, comoventes: decentes
Sustentava sua fraqueza com a devida austeridade
Pedia ajuda como quem reconhece o valor
De querer ser ajudado
Daquele instante em diante
Uma vida nova desestagnava
O corpo esvaziado do ontem
Deu lugar as chances do presente difícil
O futuro continua incerto e inseguro
Porém existe
O póstumo se posta de pé e caminha
Ali jaz um defunto que vive
Promessa absoluta da vontade de ser feliz
Nem todos acordam vivos quando abrem os olhos
Somos mortos se não fazemos por nós
Egoístas, mesquinhos e pobres se sós
Infelizes aqueles que não entendem
A verdade absurda do sorriso intacto das crianças
Que amam na mais completa cegueira
Escolhem pelo instinto
Pelo cheiro, carinho e confiança
Mirabolantes, entregam-se ao colo santo
Que lhes reconforta e traz esperança
Desconcertantemente são
Que seu destino refletido em nós
Seja tão maravilhoso quanto seu passado inteiro
Pois elas sabem amar a todos
Com sentimento simples, verdadeiro
Sem espaços para reflexão
Mire-se nos olhos do dito sadio
Como se este fosse fisicamente incapaz
Encontre nele a opacidade branca pacificadora
Que não lhe reflete jamais
Sem sua imagem pronta é você quem se faz
P.S: Gostaria de explicar o motivo e o porquê deste texto. Hoje, ao sair para trabalhar, normalmente, o transito ruim de costume estava pior. Uma viatura do corpo de bombeiros estava resgatando uma cadela. Magra, mal tratada, talvez vadia e sem dono, mas uma vida. Assustada, tinha os quantos baixos, rabo entre as pernas e aquele olhar de: me ajude por favor. Foi o que ocorreu. Os bombeiros pararam o transito, liberaram o caminho e puseram-na em segurança, sem puxá-la ou forçá-la em momento algum.
Já vi bicho gente em situação igual ou pior e felizmente existem bombeiros de vida por aí, esperando por um chamado. É bom perceber que certas pessoas entram no fogo literalmente por semelhantes que sequer conhecem e em certas situações que estes mesmos são capazes de arriscar a própria vida para salvar a daqueles que talvez nem as tenham mais.
Que tenhamos a decência de sabermos quando pedir ajuda. E mais importante, que quando formos ajudar, que façamos de coração, sem esperar gratidão, sem estarmos motivados pela aparência ou conhecimento sobre aquele que receberá nossa ajuda. Que antes de começarmos a fazer qualquer coisa em nossas vidas, saibamos que estamos fazendo por simplesmente querermos fazer. Obrigado e desculpem qualquer maluquice. Beijos
Como se quisesse roubar seus ossos
Pois já não havia carne alguma
Só o esboço, um croqui, bisonho, em pelancas
Não havia traço do que poderia ter sido
Desconhecido o motivo da derrocada
Incerto também se existe crise
Naquela visão triste
Vida esvaindo e morte em riste
Expondo a todos aquele espetáculo
Sem saúde, sem beleza, sem virtude
Entregou-se a pista perigosa
Procurou paz num carro apressado qualquer
Queria privar os expectadores da aterradora visão
Mas há cegos pelo caminho
Que têm o sentir como profissão
Enxergam além dos puros olhares
Mergulham na feiúra volátil das estampas
Respirando a beleza esquecida em farrapos de vida
Aspiram o bem de quem já não o tem
Seria mais uma vítima do excesso de azar
Mais uma culpada pela fraqueza da sorte
Há existências dignas de pena
Reais merecedoras da morte
Trabalham os cegos
Repletos de autoridade imobilizam a via mortal
Chegam reforços na viatura flamejante
Munidos da parafernália necessária
Que cessará o tumulto causado
O silêncio toma conta do lugar
Saem os cegos com seus escudos de espelho
Abrem um clarão em volta daquele arremedo de vida
Que desanimado se entrega ao conforto áspero do chão
Suplicante por um fim indolor, eficaz e voraz
O circulo de reflexos mostra opções
Variadas, boas e perturbadoras
Umas infinitamente piores que o agora
Algumas melhores que os mais lindos sonhos
Um único espaço vazio e a via vazia ao longe
Nossa amiga abatida resolve levantar
Descobriu que ainda havia força para mais alguns passos
Que se quisesse conseguiria andar
Desdenhou dos infortúnios e glórias das imagens
Resolveu caminhar
Descobriu que sabia enxergar
Cambaleante e feliz dava passos fracos
Imponentes, comoventes: decentes
Sustentava sua fraqueza com a devida austeridade
Pedia ajuda como quem reconhece o valor
De querer ser ajudado
Daquele instante em diante
Uma vida nova desestagnava
O corpo esvaziado do ontem
Deu lugar as chances do presente difícil
O futuro continua incerto e inseguro
Porém existe
O póstumo se posta de pé e caminha
Ali jaz um defunto que vive
Promessa absoluta da vontade de ser feliz
Nem todos acordam vivos quando abrem os olhos
Somos mortos se não fazemos por nós
Egoístas, mesquinhos e pobres se sós
Infelizes aqueles que não entendem
A verdade absurda do sorriso intacto das crianças
Que amam na mais completa cegueira
Escolhem pelo instinto
Pelo cheiro, carinho e confiança
Mirabolantes, entregam-se ao colo santo
Que lhes reconforta e traz esperança
Desconcertantemente são
Que seu destino refletido em nós
Seja tão maravilhoso quanto seu passado inteiro
Pois elas sabem amar a todos
Com sentimento simples, verdadeiro
Sem espaços para reflexão
Mire-se nos olhos do dito sadio
Como se este fosse fisicamente incapaz
Encontre nele a opacidade branca pacificadora
Que não lhe reflete jamais
Sem sua imagem pronta é você quem se faz
P.S: Gostaria de explicar o motivo e o porquê deste texto. Hoje, ao sair para trabalhar, normalmente, o transito ruim de costume estava pior. Uma viatura do corpo de bombeiros estava resgatando uma cadela. Magra, mal tratada, talvez vadia e sem dono, mas uma vida. Assustada, tinha os quantos baixos, rabo entre as pernas e aquele olhar de: me ajude por favor. Foi o que ocorreu. Os bombeiros pararam o transito, liberaram o caminho e puseram-na em segurança, sem puxá-la ou forçá-la em momento algum.
Já vi bicho gente em situação igual ou pior e felizmente existem bombeiros de vida por aí, esperando por um chamado. É bom perceber que certas pessoas entram no fogo literalmente por semelhantes que sequer conhecem e em certas situações que estes mesmos são capazes de arriscar a própria vida para salvar a daqueles que talvez nem as tenham mais.
Que tenhamos a decência de sabermos quando pedir ajuda. E mais importante, que quando formos ajudar, que façamos de coração, sem esperar gratidão, sem estarmos motivados pela aparência ou conhecimento sobre aquele que receberá nossa ajuda. Que antes de começarmos a fazer qualquer coisa em nossas vidas, saibamos que estamos fazendo por simplesmente querermos fazer. Obrigado e desculpem qualquer maluquice. Beijos
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