O céu magnífico
Diante da minha capacidade de ser ínfimo
Contemplo a beleza do saber ser simples
Complexa maestria entre brancos, terras e tons de azul
Extasiado frente tanta perfeição
Perco tempo na maioria dele
Preocupado em estar mais
Perecer melhor
Mostrar-me sempre perceptível e sedutor
Quando deveria apenas ser
Tantos exemplos das boas atitudes
Inúmeras amostras de como não errar
Passeios completos de idas e voltas
Certeza certeira de não precisar voltar
Tudo ao alcance da sensibilidade
Realmente maravilhoso
Quando atentamos para o outro
Descoberta genial perceber
Que os outros nos ouvem atenciosamente
Se vamos além do nosso próprio universo
Tomando quem nos cerca como um complemento
Querendo dele o que nos falta
Por vezes o que, talvez, nunca teremos
Algo que não nos faz parte
Justo por esta natureza não invejaremos
Diga o quanto é admirável
Quanto bem aquilo lhe trás
Como a presença alheia satisfaz
Perfazendo o mundo que desejamos
Bem ali, ou aqui, logo após nossa ausência de ignorância
Peito exposto, amor aberto
Não queira longe; seja perto
Ente multiplicador de carinho
Colha sementes de fruto certo
Mostre-se dentro, porem liberto
Contemple o seu que te amanhece
Note a grandiosidade de cada detalhe
Particularidades de cada alma
Vontades de toda gente
Embutidas em corpos que se confundem
Propositalmente semelhantes
Para que se chegue bem mais perto
Pois só assim é possível distinguir
Os amigos, os amantes e os afetos
Desta distancia nada é como antes
A mesmice agora é diferente
Aquele que lhe é único: seu presente
Sentirá que tudo é mero nada
Quando este novo ser lhe for ausente
Anoitece nubladamente a cada despedida
Não há luas que reflitam resquícios daquele sol
Apenas o azul nigérrimo e absoluto
Cegueira inversa que penetra; um vulto
Quietude escandalosa que abafa qualquer tumulto
Alegria que na sua ausência veste luto
Sensação de morte corriqueira
Traz a vida de qualquer maneira
Próxima: coração forte
Longe; eterno corte
Ficando: gozo e sorte
Em merecer sua diferença
Dar minha presença
Negar sua ausência
Compartilhar nossa querência
Ser seu eu que te penetra
O diferente que você procura
Conhecido íntimo que não tem nome
Que junto lhe preenche
Distante lhe consome
Marca sutil que jamais some
Ao seu lado piso as terras
Venero o céu singular de brancos e tons de azul
Mas já não sou tão mínimo
Nem universo distante algum
Sou seu amor e mais nenhum
Nenhum comentário:
Postar um comentário