3.6.05

Sinestesia

Nem sei se eu mesmo entendo
Sei que sinto as coisas do mundo
Batendo em minhas palavras
Que saem com firmeza aterradora

Sei exatamente do que não estou falando

Os arrepios quentes descem pelo couro
Fazendo ouro das minhas extremidades em decimal
Estes dedos frágeis que tentam captar
Idéias ágeis que confundem minhas clarezas

Arrumo tudo em grupos de cinco linhas

A ordem dos acontecimentos
Deriva daquilo que absorvo ao meu redor
Por vezes me falta um langanho de escrita qualquer
Na maioria das vezes sobra a escassez do grafite

As rimas que fogem parecem mais belas que as ficantes

Quase prepotente invento palavras
Verbifico substantivos
Dou alma a coisas mortas
Enxergo vida na tristeza infinita de rompimentos errantes

Sensibilizo um pós no que era apenas antes

Este próprio, do que fala, não sei dizer
Fruto de um comentário carinhoso que pude ler
Não tenho a resposta que deveria
Dou-me a todos por minhas letras

Sou aqui descrito ao escrever

Se toco a muitos é porque fui tocado
Retribuo cada afeto, cada gesto, cada teto
Esforço-me para olhar no silêncio dos que apenas passam
O que faltou para que eles parassem

Comentando o que sentiram

Mas faço de forma igual
Por muitas leio com pleno respeito
Admiro, paro, reflito e respiro
Tomado por emoção contida sequer sugiro

Apenas adoro pois nelas creio

A invisibilidade das tormentas criadas
Esquentam minha cara calma
Rebatem em minhas dúvidas claras
Sacudindo uma estrutura maleável

Recebo cada idéia como um presente

Sou feliz por perceber
Que duvido de minha própria escrita
Achando que poderia ser refeito
Algo que para alguém foi perfeito

Acreditar que há outro jeito

Porem, em todas as minhas linhas
Há um desejo que sei de cor
Espero que todos queiram
Fazendo de si, seu mundo

Lugar feliz de tempo habitável e a cada dia um lugar melhor

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