14.6.05

Quimera

Vontade de vomitar tudo na sua cara escrota
Botar para fora a podridão que me faz carregar
Extirpar os dentes de sua boca fétida e inflamada
Escarrar toda minha doença na sua garganta

Fazer com que sinta seu amargo inútil

Pendurar de cabeça para baixo
Rodar, rodar, rodar e rodar
Esmurrar sua face idiota e babaca
Ver seu sangue escorrer pelos cabelos

Surrar até que peça arrego

Depois de disforme e dolorida
Chutar seu corpo vazio, imundo: vadio
Quebrar algumas de suas costelas magras e desprezíveis
Perfurar seu pulmão negro e moribundo

Pra que golfe napos de órgãos

Depois de reduzida a porra nenhuma
Partir suas pernas horrorosas, varizentas
Mostrar o quanto bisonha se apresenta
Levantar no colo só para ver cair de novo

Mais uma vez, e outra e uma seguida

Furar seus tímpanos asquerosos
Para impossibilitá-la de escutar
Urros de dor que estão por vir
Saiba que vai sofrer muito

Antes de morrer sangrando feito um porco

Dedos esfacelados um a um
Nunca mais tocará minha carne pura
Pisões únicos, singulares; particulares
Dor em mínimos detalhes

Sofra bastante filha da puta

Não terá chance para porra nenhuma
Sua língua desfigurada em aftas
Jaz pulsante em minha boca
Encapsulada nas frestas dos meus dentes

Afiados e fortes pra caralho

Grita agora figura purulenta
Saltite feito bobo da corte em minha frente
Flerta com a minha alegria ausente
Deixa mais um sonho meu dormindo

Meu novo nome: pesadelo

Sinta como é duro este chão
Quando sua cabeça é arremessada contra ele
Perceba o estilhaçar dos ossos de seu crânio
Mas não desmaie ainda

Não quero que sinta qualquer alívio

Fica maravilhosa assim
Com o semblante de coisa morta
Este nariz rompido, afogado em seu catarro
Que escorre em tons fascinantes de vermelho

Dizendo a todo instante: não pare

Pra que rastejar feito um verme que não é
Eles não merecem tal comparação
São infinitos melhores que você
Sossegarei seus braços suplicantes

Fraturas expostas são divinamente realizadoras

Sequer cogite pedir perdão
Não pode nem escutá-lo
Mesmo que eu quisesse dá-lo
Entende agora a sensação de beco sem saída?

Quero que você se foda

Participarei porém
Não gozará este momento sozinha
Nunca lhe quis tanto
Contemple a aptidão física de meu desejo

Apenas olhe, pois é a única coisa que pode fazer

Rasgo cada trapo de suas vestes de gala
Embevecidas num suor que cheira a ferrugem
Abro seus arremedos de pernas
Para penetrar-lhe carinhosamente

Quero introduzir minha vida em seu ser

Deitado sobre seus restos que padecem
Aproveito cada instante deste prazer inigualável
Suspeitava que seria grandioso
Mas superou todas as expectativas

Estupro seu corpo e mente

Bom poder morder e arrancar aquele pedaço
Indescritível enfiar as unhas
Sentir sua fibra lacerar
Apertar até romper os capilares

Deixar hematomas em todo lugar

Pensei que fosse querer participar
Escolher uma posição que gosta mais
Nem gemer consegue
Sem possibilidades de ficar de joelhos

Agora deixará de ver

Empurro seu olhos pra dentro com fúria
Transo seu corpo em total luxuria
Bicho incontrolável e surdo
Alheio a qualquer lamúria

Jorro vida em sua eminente morte

Você sorri este aborto
Encontra beleza neste coito infernal
Alegria onde só deveria doer
Felicidade quando devia morrer

Tudo é apenas banal

Foi surrada, mal tratada, torturada
Mas gargalha da sorte; namora a morte
Infeliz, miserável e desgraçada
Falece indigente, um mero borrão

Sei que renasce, pois é solidão

Nenhum comentário: