Dispa-se
Deixe esta pano escorregar por sua presença
Tire esta roupa íntima
Revele toda sua intimidade
Vista-se desta água quente que expõe seu corpo
O vapor faz seu olhar rutilar
Adoro a leveza sublime de sua silhueta única
Perfeição de curvas retas
Sempre o menor caminho
Entre meu desejo e toda sua carne
Seus poros abertos, sensíveis, visíveis
Cabelo e rosto molhados, ilhados
Sensualidade arrebatadora e calma
Meus olhos vidrados
Seu ser cercado do meu por todos os lados
Mão percorre próprio corpo
Seguindo um rito perfeito
Espalhando seu colorido pleno
Por seios, coxas e umbigo
Tanto carinho denota o perigo
A alvura do algodão acolhedor
Enxugará a pureza do banho
Mas não levará nada de sua beleza
Esfoliará sua pele apenas
Impregnando o ar com todo seu perfume
Que se espalha por minha cabeça
Toma conta de meus pensamentos
Transformando a realidade simples do ato
Numa implicância incessante
Quase um mal-trato
A nudez é seu melhor traje
Por saber disso instiga, fustiga
Antes de cair, a toalha sortuda se agarra
Livre de qualquer amarra
Nua em pelo de novo
Um dos pés sobre a cama
O dorso elevado
Janela ao fundo aberta
E a lua cheia é nada
Comparada a sua capacidade de ser bela
Desimporta a roupa que porá
Mas sabe que fica linda de preto
Realça seus olhos marcados
A vida em festa que vive em você
Intensifica o brilho da sua pele lisa
Os adornos são realmente bonitos
Tentam em vão executar missão ingrata
Vai ser impossível
Desviar a atenção do conjunto majestoso
Fica irresistível somente de sandálias e brincos
Usa uma sombra leve
Lápis para avisar
Que é melhor não se descuidar muito
Há fogo neste lugar
Ofego por me queimar
Como se não bastasse
Quase como uma louca
Tira o brilho da bolsa
Espalha por toda a boca
Amanheça meus lábios noturnos com esta luz
Sabe que já não agüento mais esperar
Em frente ao espelho
Um dedo indica
Que devo me aproximar
Mestra na arte de desconcertar
O toque conhecido é sempre surpreendente
O cheiro, quase infame, contundente
O pescoço forte, firme, aparente
Vontade imensa de fincar meus dentes
Quando sou invadido por um olhar
Tudo o que sente é meu
Nada do que vê é seu lugar
Aquilo que ninguém pode possuir
É justo o que quero lha dar
Vestindo para se desnudar
Um abraço por trás carinhoso
Momento tranqüilo, gostoso
Suspiramos felizes, leves no ar
Já não falta nada, está tudo pronto
Daqui não podemos voltar
Fecho todas as portas
Apago as luzes do quarto
Deixo o silencio entrar
Pego as chaves do carro
Aonde vamos jantar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário