27.4.05

Escrita

Papéis em branco são sempre assim
Nos roubam o colorido, levam nosso vazio
Cheio de escuro, de procura
Sensação de loucura

Fazendo acender certas chamas

Começa de novo, um novo
A cada olhar para aquele espaço
Nos acho mais perto
Desenho você para mim

Assim, de dentro, pra fora, agora!

Sem formas, sem cheiro
Rabisco sem jeito, te escrevo
Acentuo, pontuo; desejo
Contorno seu corpo a cada beijo

Certo ao quando, o quanto reticentiar-te

Letras são realmente pinturas
Descrever sua pessoa é sempre a mais bela
Toda vez que te repito
Diferente, nova, a mesma; presente

Deslumbre de imaginação consciente

Não preciso de borracha ou retoques
Qualquer traço seu me marca
Ilimita, transita, me agita
Faz os dedos discorrerem linhas simples

Pela simplicidade de saber-te inscrita em mim

São versos que quase choro
Pressas em que demoro
Por todo verso que te declamo
Te chamo, em dentro, te amo

Pois nada mais é que a letra que vive; meu fim

Tarefa fácil fazer tão difícil compilação
São frases suas
Palavras nuas
Vontades cruas

Papel liso o sentir de seu rosto em minha mão

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