11.4.05

Verbificação

Não é o sentimento que não falta que me falta
É a sua presente ausência que exacerba
Principalmente depois de tanta verdade, a densidade
Saudade, que consome, machuca, invade e te evade

Como se ser livre me aprisionasse

Não quero te-la, vassaliza-la
Ser seu senhor no feudalismo do termo
Quero ser chão de sua gleba, plantado em você
Pelo tempo que nos atravessa insone

Fazer com que sua vontade me droguifique constantemente

Para que odeie ir embora
Para que chore ao não poder me ver
Que o desespero lhe surja, ao não nos poder
Que sua cabeça desracionalize

Impetuosatiza-se; e venha para seu eu em meus braços

Constatar a equidade do nosso amor tortura
Pois nesta agrura momentânea percebo a diferença
Sofro por fazer tudo e não lhe conseguir
Sinto seu sofrer por supor suposta sua desatitude

Acredulável tua falta de coragem

Queria mais neologismos para linguificar o meu sentir
Uma palavra que ao menos suprisse
Esta imensidão atátil que estraçalha o peito
Trazendo suspiros que fendalizam carne feito bisturi

Operando um milagre invertido em minha personalidade

Qualquer um que me perceba sente o quanto sofro
Quem me vê lhe adorar inveja a paixão que sinto
Quando você, invariável parte, afirmam que minto
Pois só vêem o que, eu, te amo

Sei o como você me quer

Concordo que também podes
Basta dar-se o primeiro de indefinidos passos
Para ser completa e inteiramente feliz
Sabido que impacientiza-se a cada chamado da rotina formal

Concorde com seu sentimento!

Caminho ainda triste e, porém, ainda mais, consciente
Espero o que só as externalidades podem trazer
E sob o protesto dos impregnados de razão sigo sendo inexplicável
Certo que ninguém me entende

Fiz uma escolha simples

Resolvi entre o que quero e suporto
E aquilo que não posso fazer
A dor inescusável me fez decidir
Ou ia embora, ou via você partir

Impossível é não ser possível amar você.

Nenhum comentário: