Nos dias mais belos
Tenho mais saudade
A sensação de desperdício
Aumenta a dor
Pode ser que não haja outro
Certamente haverá
O problema vai além
Saber que o próximo
Será totalmente desigual
Crescente só minha vontade
Convertida momentaneamente em angústia
Num querer contido
Deste coração comprimido
Que esbarra em externalidades
Toda vez que se expande
Mas preciso dar-lhe seu real tamanho
Meu peito não é casa para ele
É prisão, senzala
Com direito a tronco e açoite
A procura do navio negreiro chamado coragem
Que me trafique transoceânico
Sangrando mares de hipocrisia
Singrando feliz cada onda sua
Que traga a luz do nosso dia
Nossas peles juntas naquela praia
De areia alva e fina
Pisada e mesmo assim acolhedora
Chamando nossos corpos
Ao merecido descanso
Repouso de seu desejo
Distante este paraíso bíblico
Que peco por não manter
Coisas simples que me sobrevêm
Desnecessário dificultar
Esculpindo agora sua materialidade
Seu vibrar guia meu martelo
Que lhe sabe de cor
Emprestando um tom vermelho sangue
Proposital e mortificante
Fazê-la jorrar
Sinta-se estátua e movimente
Seja a seca e chova
Almeje terminar e comece
Compreenda-se viva e morra
Com vontade de amar
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