Venho de mais um início
Eles sempre acabam assim
Despenhadeiros silenciosos
A voz sempre berra na minha vontade
Vou pular, irremediavelmente
Procuro por estes saltos sempre
Como de costume sento no seu ponto crítico
Apesar de conhecer tudo que deixei pra trás
Contemplo este novo passado recém concluído
Acenando com gestos de presente
Consegui tanta coisa nele
Que me parece tentador
As chamas de conquistas conscientes
Aquecem meu orgulho que perece querer calmaria
Levanto humilde: respiro fundo
Deixo meu último sopro no ar
Meu âmago num derradeiro suspiro
Sorrio por dentro e aprazo-me
Deliciosa esta sensação do vazio que se preenche
O futuro do meu presente está liberto novamente
Um vento infame sibila a meus ouvidos
Pedidos de estagnação serpenteando
Sinto pena dele
Sequer imagina aonde quero chegar
Suicídio seria parar repentino, imotivadamente
Puro movimento
Falta de contentamento
Inconfundível com tristeza
Certeza que conseguirei sempre
Calculo o tempo da queda livre em lembranças
Terei do ontem sinceros sorrisos
Contundentes cicatrizes pela alma
Invisíveis aos meus amigos
Indizíveis aos que apenas criticam
Perdemos quando nossa fala nos ensurdece
Queremos tanto ser voz
Acabamos por nos mudificar
Deveríamos ser audíveis
Mas apenas vemos com nossos ouvidos tortos
Oásis pérfidos, perdidos e amorfos
Meus olhos não servirão de nada agora
Fecho-os, e meu coração se expande
Minha pele sente cada alteração da temperatura
O calor da coragem invade
Sei que vou precisar de força
Posicionamento é essencial
Devemos saber como e onde cair
Quando queda e dor são inevitáveis
Quando crescer é incontrolável
De pé, pois precisarei da cabeça intacta
Pulo completamente feliz
Cobiço a mim mesmo plenamente
Aprendi que é importantíssimo perceber
Quando conseguimos o que queríamos
Não quero sonhos quando estou acordado
É tempo de fazer sempre
Salto revitalizantemente sublime
Certamente terei pernas tremulas no final
Este recomeço é ulteriormente distante
Tudo envereda saber e busca
Membros inferiores completamente impedidos
Impossibilitado de andar devido ao choque
Queda livre alucinante
Sem um desquerido pára-quedas
O momento limitador
Podemos deixar que o passado apressado nos consuma
Como um alento para a dor do atual desconhecido
Tornando impróprio tamanho desprendimento
Desperdiçando o fortalecimento forjado nos idos
Miro meu sol ao longe e limito meu próximo passo
Pensamentos no lugar me dão asas
Voarei até poder caminhar
Fase adequada dos sonhos
Hora para refletir e pensar
Descanso merecido para quem se comprometeu marchar
Reconfortado pelo sono rápido
Levanto palpitando expectativas
Ainda dói em muitos cantos
Mas o sangue que escorre sinaliza a dádiva
Estou vivo e posso continuar a vida
Com passos firmes, pés calçados de experiência
Bússola imantada de instinto
Apontando mais uma vitória
Por mais que ela gire e dance em espirais de fogo
Contemplarei cada mudança de seu ritmo incerto
Nunca fujo dos demônios que se apresentam
Uma vez no inferno
Peça ao diabo para assinar
Faça um trato com ele
Serão um do outro até a música parar
Referencias aos limites
Devemos saber impô-los
A nós mesmos
Para que não andemos indefinidamente
As músicas sempre acabam
Como finda o tempo de chorar
Hoje, visto o traje da felicidade
Com botões reluzentes
Relógio de horas contentes
Vontade enorme de vê-las passar
Cada ínfima escolha de nossas vidas
Nos leva a seguir ou parar
Depende do que realmente queremos
Do como e onde queremos ficar
Nem comece se desconhece onde vai terminar
Quero os desafios da vida
Os prazeres da carne
Os desejos da alma
Qualquer pressa e toda calma
O amor, que sempre mata, renasce e salva
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