30.5.05

Sem asas

Venho de mais um início
Eles sempre acabam assim
Despenhadeiros silenciosos
A voz sempre berra na minha vontade

Vou pular, irremediavelmente

Procuro por estes saltos sempre
Como de costume sento no seu ponto crítico
Apesar de conhecer tudo que deixei pra trás
Contemplo este novo passado recém concluído

Acenando com gestos de presente

Consegui tanta coisa nele
Que me parece tentador
As chamas de conquistas conscientes
Aquecem meu orgulho que perece querer calmaria

Levanto humilde: respiro fundo

Deixo meu último sopro no ar
Meu âmago num derradeiro suspiro
Sorrio por dentro e aprazo-me
Deliciosa esta sensação do vazio que se preenche

O futuro do meu presente está liberto novamente

Um vento infame sibila a meus ouvidos
Pedidos de estagnação serpenteando
Sinto pena dele
Sequer imagina aonde quero chegar

Suicídio seria parar repentino, imotivadamente

Puro movimento
Falta de contentamento
Inconfundível com tristeza
Certeza que conseguirei sempre

Calculo o tempo da queda livre em lembranças

Terei do ontem sinceros sorrisos
Contundentes cicatrizes pela alma
Invisíveis aos meus amigos
Indizíveis aos que apenas criticam

Perdemos quando nossa fala nos ensurdece

Queremos tanto ser voz
Acabamos por nos mudificar
Deveríamos ser audíveis
Mas apenas vemos com nossos ouvidos tortos

Oásis pérfidos, perdidos e amorfos

Meus olhos não servirão de nada agora
Fecho-os, e meu coração se expande
Minha pele sente cada alteração da temperatura
O calor da coragem invade

Sei que vou precisar de força

Posicionamento é essencial
Devemos saber como e onde cair
Quando queda e dor são inevitáveis
Quando crescer é incontrolável

De pé, pois precisarei da cabeça intacta

Pulo completamente feliz
Cobiço a mim mesmo plenamente
Aprendi que é importantíssimo perceber
Quando conseguimos o que queríamos

Não quero sonhos quando estou acordado

É tempo de fazer sempre
Salto revitalizantemente sublime
Certamente terei pernas tremulas no final
Este recomeço é ulteriormente distante

Tudo envereda saber e busca

Membros inferiores completamente impedidos
Impossibilitado de andar devido ao choque
Queda livre alucinante
Sem um desquerido pára-quedas

O momento limitador

Podemos deixar que o passado apressado nos consuma
Como um alento para a dor do atual desconhecido
Tornando impróprio tamanho desprendimento
Desperdiçando o fortalecimento forjado nos idos

Miro meu sol ao longe e limito meu próximo passo

Pensamentos no lugar me dão asas
Voarei até poder caminhar
Fase adequada dos sonhos
Hora para refletir e pensar

Descanso merecido para quem se comprometeu marchar

Reconfortado pelo sono rápido
Levanto palpitando expectativas
Ainda dói em muitos cantos
Mas o sangue que escorre sinaliza a dádiva

Estou vivo e posso continuar a vida

Com passos firmes, pés calçados de experiência
Bússola imantada de instinto
Apontando mais uma vitória
Por mais que ela gire e dance em espirais de fogo

Contemplarei cada mudança de seu ritmo incerto

Nunca fujo dos demônios que se apresentam
Uma vez no inferno
Peça ao diabo para assinar
Faça um trato com ele

Serão um do outro até a música parar

Referencias aos limites
Devemos saber impô-los
A nós mesmos
Para que não andemos indefinidamente

As músicas sempre acabam

Como finda o tempo de chorar
Hoje, visto o traje da felicidade
Com botões reluzentes
Relógio de horas contentes

Vontade enorme de vê-las passar

Cada ínfima escolha de nossas vidas
Nos leva a seguir ou parar
Depende do que realmente queremos
Do como e onde queremos ficar

Nem comece se desconhece onde vai terminar

Quero os desafios da vida
Os prazeres da carne
Os desejos da alma
Qualquer pressa e toda calma

O amor, que sempre mata, renasce e salva

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