Sua carne
Quero mais dela, mais nela
Ser meu tempo que não acaba em você
Mas que no seu ser se encerra
Quando entra, finca e fecunda; terra
Suar sobre sua fertilidade dada
Pronta como as nuvens que proporcionam chuva
Seus planaltos, planícies, depressões e lagoas
Pois seu liquido é levemente salgado
Temperado com o cheiro do desejo derramado nele
Não te vejo coisa
Sinto-lhe gente
Fervente, ardendo, ardente
Inteiramente febril
De interior alucinantemente quente
Que me queima e não adoece
Que me maltrata e não me padece
Por me deixar de boca seca me entorpece
Que da prazer e o merece
Possua toda minha capacidade de satisfazê-la
Deixe minha língua pintar você
Transparente
Para não lhe perder
Saber cada nuance de sua pele
Beijar cada pinta linda que se espalha por seu corpo
Arraste sua cor por minha vermelhidão sacana
Entenda meu falo
Quando falo
Pelo intenso de seu interior
Onde me calo
Que você absorva minha mudez grunhida
Dando voz as genitálias vivas
A minha, a sua: unidas
Falando amor de forma transcendente
O inexplicável só se sente
Imprima seu desejo em mim com força
Deixe seu rastro presente, forte, pertinente
Qu’eu encontro o caminho
Penetrando seus portões de frente
Implicou, agora agüente
Largue-se e solte esta vontade
Crave as unhas, me abre as costas; invade
Solte esta garganta e liberte esta alma em gozo
Antes que eu arranque este orgasmo com a língua
Mas para que pressa se podemos esperar, ainda
Você de pé
Mãos na parede, espalmadas
Pernas lisas, coxas firmes, bunda empinada
Quase malvada merecia palmadas
Maravilhosa quando fica vermelha
Recosto minha testa sobre sua nuca arrepiada
Uma palavra implicante
Sua respiração profunda
Você completamente maluca
Leva meu corpo pra dentro do seu, ofegante, delirante
Dança nova
A musica de hoje fui eu que compus
O traje desimporta
Pois dançaremos completos e inteiramente nus
Irrepreensível as formas que toco e as que vejo no espelho
Alucinante perceber nós dois
Quando somos um só
Meu corpo dentro do seu
O seu guardando o meu
Consumiremos o desejo de antes durante o depois
Momento de plena degustação
Quero seu hálito, seu dedo do pé, suas mãos
Levo seu corpo a boca
Imitando as suas em forma de vão
Espaços onde me enfio: me perco, me acho
Você fêmea; eu macho
Além de todo instinto um fato:
Sempre há o carinho no rosto, o abraço
Escorrego suado nos seios, me encaixo
Olhos abertos, beijo na boca, meu peso em você
Refletidos nos olhos do outro
Percebemos o momento quase cruel
No ápice do calor infernal
Chegamos juntos ao céu
Unindo seu verniz reluzente ao meu branco pastel
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